Beneficiado com a delação premiada e autor das declarações mais contundentes durante a CPI da Pedofilia, o padre Edílson Duarte – um dos três religiosos de Arapiraca acusados de envolvimento com ex-coroinhas – falou ao programa Conexão Repórter do SBT, veiculado na noite desta quinta-feira, dia 29. Durante a entrevista, Duarte, de 42 anos, nega que seja pedófilo e diz que tentou sublimar o homossexualismo durante anos.
O religioso, entre outras declarações, afirmou que foi abusado sexualmente por um vizinho, quando tinha apenas 12 anos, e que esta violência o teria traumatizado, inclusive provocando uma batalha interna entre o desejo e suas atividades eclesiásticas. Edílson Duarte nega que tenha abusado de crianças mas confirma que se relacionou com Fabiano Ferreira, a quem teria inclusive dado dinheiro.
Duarte deu início a entrevista afirmando que espera que ‘outros padres que erraram também reconheçam’. Ele reafirmou sua vocação sacerdotal, que disse ter descoberto ainda criança, e alega ser – atualmente – o melhor padre do mundo após admitir publicamente seus pecados.
O religioso, que foi afastado das funções eclesiásticas pelo bispo dom Valério Breda, disse que sempre teve consciência que estava cometendo um pecado, mas alegou viver uma vida dupla, como se sofresse transtorno de dupla personalidade. O padre fez questão, no entanto, de dizer que nunca assediou menores. “Nunca procurei, eles sempre vieram a mim”, alega.
Questionado sobre a situação dos demais religiosos acusados de pedofilia, Edílson Duarte disse que “há muito tempo a situação (abuso sexual) acontecia, desde que eles (ex-coroinhas) tinham 12 anos". Segundo o religioso, os ex-coroinhas teriam relatado as carícias e presentes recebidos pelos monsenhores Luiz Marques e Raimundo Gomes.
Apesar de confirmar as denúncias contra seus companheiros de batina, Edílson Duarte isentou completamente o bispo diocesano de Penedo, dom Valério Breda. No trecho mais tenso da entrevista, o padre diz que o bispo só soube do escândalo pela TV e que imediatamente afastou os religiosos.
O padre também negou que tenha usado o dinheiro dos fiéis. Segundo Edílson, o dinheiro dado aos coroinhas – por ele – lhe pertencia. O religioso disse que agora aguarda o desfecho das investigações, da Polícia Civil, CPI da Pedofilia e da Igreja Católica para decidir sua vida.
Questionado se acredita que os fiéis o receberão de volta, ele disse que sim, porque as pessoas que o conhecem sabem o quão difícil foi confessar e irão reconhecer a sua coragem.