O site Congresso em Foco divulgou nesta quinta-feira um levantamento com 42 nomes de políticos, entre pré-candidatos e agentes públicos de expressão nacional ou regional, que estão na mira da Lei da Ficha por terem sido condenados em decisão de instâncias colegiadas (com mais de um juiz) por crimes abrangidos pela nova lei. Com a regra, eles podem ter as candidaturas impugnadas pela Justiça Eleitoral.
De acordo com o site, a lista buscou identificar nomes de políticos mais conhecidos e com chances reais de eleição. O levantamento apontou que parte dos pré-candidatos – 12 no total – estaria inelegível por ter renunciado ao mandato para manter os direitos políticos. Os casos de cassação do mandato, que somam 12 no total, também aparecem no topo da lista. Em dez casos, as prestações de contas foram rejeitadas, o que também resulta em condenações por um grupo de juízes.
O dia 19 de agosto é a data limite para que os tribunais regionais eleitorais julguem todos os recursos apresentados, transitados em julgado. Enquanto a data não chega, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá ter uma lista preliminar com o nome dos políticos que tiveram as candidaturas impugnadas pela Justiça eleitoral nos estados.
Veja a lista com os 42 políticos que poderão ter as candidaturas impugnadas pela Justiça Eleitoral:
Anthony Garotinho (PR-RJ) – Pré-candidato ao governo do Rio, foi condenado pelo TRE-RJ por abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação nas eleições de 2008.
Arnaldo Vianna (PDT-RJ) – Teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas de União (TCU) referentes à época em que comandava a Prefeitura de Campos de Goytacazes.
Bispo Rodrigues (SP) – Renunciou ao mandato de deputado federal, em 2005, por suposto envolvimento no mensalão. Pelas regras da Lei da Ficha Limpa, fica inelegível até 2015.
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) – Ex-governador da Paraíba, foi cassado em 2009 por abuso de poder econômico e político. Ele pretende concorrer ao Senado, mas a cassação o tornou inelegível por três anos, a partir de 2006. Pela lei, o tucano ficaria inelegível até 2014.
Cássio Taniguichi (DEM-PR) – Foi considerado culpado por crime de responsabilidade pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Charles Cozzolino (RJ) – Teve as contas públicas rejeitadas pelo TCU, quando estava à frente da Prefeitura de Magé (RJ). Chegou a ser preso em investigações da polícia civil sobre lavagem de dinheiro.
Coriolano Sales (PSDB-BA) – Suspeito de envolvimento com o escândalo das sanguessugas, que envolveu fraudes na compra de ambulâncias, renunciou em 2006 ao mandato de deputado federal. Pode ficar inelegível até 2015.
Cristiano Araújo (PTB-DF) – Teve uma representação julgada pela Justiça eleitoral em processo de abuso do poder econômico. Foi condenado há dois anos pelo TRE-DF e tornou-se inelegível por três anos. Com a Lei da Ficha Limpa, pode perder o direito de concorrer até 2018.
Dagoberto Nogueira (PDT-MS) – Pré-candidato ao Senado, foi condenado por improbidade administrativa. A decisão foi mantida pela 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS).
Expedito Júnior (PSDB-RO) – Foi cassado ano passado por compra de votos. Ele pretende concorrer ao governo de Rondônia. Mas, com a nova lei, sua inelegibilidade pode passar de três para oito anos.
Eurides Brito (PMDB-DF) – Teve o mandato cassado por decoro parlamentar, acusada de participar do mensalão do DEM no Distrito Federal.
Flaviano Melo (PMDB-AC) – Teve a prestação de contas rejeitada pelo TCU referente ao período em que esteve à frente da prefeitura de Rio Branco (AC).
Geovani Borges (PMDB-AP) – Teve as prestações de contas rejeitadas pelo TCU no período em que era prefeito de Santana (AP).
Jackson Lago (PDT-MA) – Ex-governador do Maranhão, teve o mandato cassado em 2009 por abuso de poder econômico.
Jader Barbalho (PMDB-PA) – Renunciou ao mandato de senador em 2001, para escapar de processo por quebra de decoro. Como o mandato terminaria em 2003 e, ele ficaria, de acordo com a nova lei, inelegível por mais oito anos.
Janete Capiberibe (PSB-AP) – Teve o mandato cassado em 2006, sob a acusação de compra de votos nas eleições de 2002.
Joaquim Roriz (PSC-DF) – Renunciou ao mandato de senador em 2007, sob a acusação de negociar uma partilha de R$ 2,2 milhões com o presidente do BRB. O dinheiro teria saído dos cofres públicos. Roriz poderá ficar inelegível até fevereiro de 2023. Ele pretende disputar o governo do DF.
João Capiberibe (PSB-AP) – Em 2004, o TSE cassou seu mandato de senador sob acusação de compra de votos na eleição de 2002.
Jorge Maluly (DEM-SP) – Ex-prefeito de Mirandópolis, o deputado é candidato à reeleição e foi condenado por improbidade administrativa por três desembargadores do TJ-SP.
José Borba (PP-PR) – Atual prefeito de Jandaia do Sul (PR) renunciou em 2005 ao mandato de deputado federal para evitar a cassação. Eleito prefeito em 2008, pode ficar impedido de disputar eleições até 2015.
José Roberto Arruda (DF) – Teve o mandato cassado pelo TRE-DF, por desfiliação partidária após deixar o DEM.
Joseph Bandeira (PT-BA) – Teve as contas rejeitadas pelo TCU referente ao período em que esteve à frente da prefeitura de Juazeiro (BA).
Júnior Brunelli (PSC-DF) – Ex-deputado distrital, foi um dos acusados no escândalo do DEM no DF. Foi flagrado recebendo propina e renunciou para evitar um processo de cassação. Pelas nova lei, Brunelli pode ficar inelegível até 2018.
Leonardo Prudente (DF) – Ex-presidente da Câmara Legislativa do DF renunciou ao mandato para fugir de um processo de cassação. Ficou conhecido como o deputado da meia, tendo sido flagrado recebendo propina e guardando o dinheiro nas meias e bolsos.
Marcelo Miranda (PMDB-TO) – Em 2009, o ex-governador do Tocantins foi cassado por abuso de poder político. Ficaria inelegível até 2014.
Marcelino Fraga (PMDB-ES) – Citado no relatório da CPI dos sanguessugas por suposto envolvimento no esquema de fraudes na compra de ambulâncias por prefeituras, o então deputado federal renunciou ao mandato para escapar da cassação. Pela nova regra, ficaria inelegível até 2015.
Melkisedek Donadon (PMDB-RR) – É ex-presidente da Assembleia Legislativa de Roraima. Teve a prestação de contas rejeitada pelo TCU.
Neudo Campos (PP-RR) – Candidato ao governo de Roraima, teve a prestação de contas rejeitada pelo TCU. O deputado é o congressista com maior número de processos no STF, com 21 investigações em andamento.
Orleir Cameli (AC) – Ex-governador do Acre, teve as contas rejeitadas pelo TCU quando era prefeito de Cruzeiro do Sul (AC).
Paulo Rocha (PT-PA) – O deputado federal foi citado no mensalão e renunciou em 2005 para escapar da cassação. Quer se candidatar ao Senado, mas pode ficar inelegível até 2015.
Paulo Maluf (PP-SP) – Foi condenado em abril de 2010 pela Justiça de São Paulo por improbidade administrativa.
Paulo Octávio (DF) – Devido às denúncias apontadas pela Operação Caixa de Pandora, o então vice-governador renunciou ao cargo para também fugir da perda dos direitos políticos. Pela nova regra, poderá ficar inelegível até 2018.
Pinheiro Landim (PMDB-CE) – Então deputado federal, Landim renunciou ao mandato em 2003 para escapar da cassação por suposto envolvimento com um esquema de tráfico de influência junto ao Poder Judiciário para beneficiar traficantes. Pode ficar impedido de disputar eleições até 2015.
Rosinha Garotinho (PR-RJ) – O TRE-RJ cassou, por quatro votos a três, a prefeita de Campos e a tornou inelegível por três anos, a contar de 2008.
Ronaldo Lessa (PDT-AL) – Foi condenado pela Justiça Eleitoral porque, na campanha de 2004, quando era governador, fez uma série de promessas a funcionários públicos em troca da eleição de seu candidato a prefeito.
Ronivon Santiago (PP-AC) – Foi cassado pela Justiça eleitoral por prática ilícita de captação de votos.
Severino Cavalcanti (PP-PE) – Renunciou ao mandato de deputado em setembro de 2005 para evitar a cassação, depois que foi acusado de pagar propina para o dono de um restaurante da Casa. Estaria inelegível até 2015.
Valdemar Costa Neto (PR-SP) – Citado no escândalo do mensalão, renunciou ao mandato de deputado federal em 2005 para evitar a cassação. Pode ficar inelegível até 2015. Ele, que voltou à Câmara, quer tentar a reeleição.
Zé Gerardo (PMDB-CE) – Foi condenado pelo crime de responsabilidade, por não respeitar um convênio firmado com o Ministério do Meio Ambiente em 1997, quando era prefeito de Caucaia (CE).
Wigberto Tartuce (PMDB-DF) – Teve as contas rejeitadas pelo TCU referente ao período em que esteve à frente da Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda do Distrito Federal.
Zilnê da Silva Maia (RN) – Irmã do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, teve as contas rejeitadas pelo TCU quando estava à frente da Coordenação Regional da Fundação Nacional de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte (Funasa).