‘Não sou mito, nem fenômeno, aonde cheguei foi com a sociedade’

Lessa: "Espero que o Serra se serre".

Lessa: "Espero que o Serra se serre".

Alagoas24horasLessa abriu a série de entrevistas promovidas pela Fecomércio com candidatos ao Governo

Lessa abriu a série de entrevistas promovidas pela Fecomércio com candidatos ao Governo

O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) abriu a semana de sabatinas dos candidatos ao governo do Estado de Alagoas, promovida pela Federação do Comércio (Fecomércio). Lessa defendeu – durante toda a entrevista – um programa de governo que “esteja acoplado ao Governo Federal”. “O fato de Alagoas ter estado dissociado deste processo fez com que o Estado regredisse nas áreas sociais. Regredir só não, o Estado estagnou”, destacou ainda o ex-governador.

Ronaldo Lessa deixou claro que muitas de suas promessas estão atreladas às conversas que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT). Inclusive, foi indagado se as expectativas de seu projeto seriam as mesmas, na possibilidade José Serra ganhar a presidência da República. Ronaldo Lessa respondeu: “Claro que não! As promessas que tenho para fazer um terceiro mandato melhor do que os dois primeiros foram dadas pelo presidente Lula. Não conversei com o Serra. Nosso plano de governo não terá os mesmos compromissos caso José Serra vença. Eu só quero ganhar se a Dilma ganhar”, destacou.

Lessa ainda emendou com um trocadilho: “Eu quero que o Serra se serre…”, e complementou: “caso o PSDB ganhe não terei condições de fazer o mesmo governo aqui”. Durante a sabatina, o candidato pedetista falou sobre políticas de desenvolvimento econômico e social, Educação, Turismo, Segurança pública e também aproveitou para tecer críticas à imprensa. “É preciso que tenhamos um projeto em sintonia com o governo Federal para que possamos dar um salto com desenvolvimento social, uma resposta à crise da violência. É um absurdo que com a quantidade de dinheiro que se coloca em Alagoas, o governo do Estado devolva tanto atualmente. Ah, se fosse a minha época…”, salientou.

De acordo com Lessa, no quesito Educação “falou investimentos nos últimos quatro anos”. “A visão que se tem hoje é neoliberal e domina a filosofia de um governo que não é voltado para o servidor público. Eles afirmam que estão trazendo indústrias, mas das 40 anunciadas, tem quatro ou cinco. Estas só chegam porque entregamos a eles um estado ajeitado. É preciso que se invista em escolas profissionalizantes, que o Estado gere mão-de-obra qualificada. O governo estadual não tem comando. O Estado não cresce. As universidades estaduais que nós criamos estão prestes a fechar. É preciso organizar a Educação”, colocou.

O desenvolvimento econômico de Alagoas – segundo Lessa – passa necessariamente por integração com o projeto desenvolvido pelo Partido dos Trabalhadores para um possível governo de Dilma Rousseff. Na visão dele, Alagoas perdeu o bonde do crescimento imposto pelo governo Lula. “Não se tem, atualmente, sequer a capacidade de gastar o dinheiro recebido aqui pelo governo Federal”, voltou a criticar.

Participação

Ronaldo Lessa também defendeu a participação dos segmentos sociais. “O processo democrático é que impulsiona o país. É importante ouvir de cada setor o que precisa e o que é que está faltando. É preciso construir parcerias com o comércio. O presidente Lula inverteu o processo de distribuição de renda no país. Hoje as bolsas não são esmolas mas mecanismos de transformação social que insere o cidadão na economia. Vivemos um momento com uma nova classe médica, precisamos ampliar parcerias com o setor produtivo”, colocou.

De acordo com o ex-governador, a tônica das parcerias já foi uma marca de seus dois mandatos à frente do Palácio República dos Palmares. “As entidades nos ajudavam a governar. O governo tem que ser um catalisador. O Estado tem que ser líder de um processo trazendo a sociedade dentro de um projeto. O governo é para servir não ser servido”, opinou Ronaldo Lessa.

Lessa aproveitou a temática para criticar a ação movida pelo Ministério Público contra ele, por supostos desvio de recursos. “É uma ironia o que o MP fez comigo, me acusado de improbidade na Educação. Fiz uma revolução na Educação, com aumento de escolas, ginásios, planos de cargos e carreira para professores, isonomia, concursos, democracia para eleição dos diretores, enfim! Foi um grande salto. O governo atual regrediu. Agora, o que eu puder fazer pelo ensino profissionalizante, eu farei. Pois, é preciso investir mais neste setor”.

Ronaldo Lessa sustentou ainda o compromisso de investir nas universidades estaduais e de dar apoio ao ensino básico, trabalhando juntamente com as prefeituras.

Violência

Ao falar de violência, o ex-governador destacou a necessidade de aumentar o efetivo policial e renovar o equipamento das polícias. Ele prometeu concursos públicos para a Defesa Social, mas salientou “há necessidade de políticas sociais”. “Estamos perdendo a guerra para a criminalidade e para o crack. Precisamos investir em políticas sociais de inclusão social. Vejo o Esporte como uma delas. Como é que a atual administração extingue a secretaria de Esporte. A pasta não é para formar atletas, mas sim para inclusão. Na Cultura, que é importante como inclusão também, o meu governo oferecia teatro para o povo a R$ 1,99. Pessoas que nunca tiveram acesso a isto, podiam ver Cultura. Hoje, o que temos é o Teatro Deodoro de portas fechadas. O que faz as pessoas viverem melhor é poder sonhar com um futuro, ter perspectiva. Nós vamos trabalhar com o povo”.

Lessa responsabilizou a atual administração pelo aumento dos números e criticou o fim de secretarias que – segundo ele – eram fundamentais. Ronaldo Lessa deixou clara a intenção de recriar pastas como Direitos Humanos, Minorias, dentre outras que existiam no seu governo. A atual administração possui 17 pastas. No governo de Lessa, eram mais de 40. “Por ausência destas políticas setorizadas, não há ações direcionadas para a mulher. A Secretaria de Mulher tem que ser separada desta que eles criaram e colocaram a Wedna Miranda. É preciso resgatar e retomar o que já foi feito”.

Combate à miséria

O ex-governador pedetista frisou ainda a importância de políticas de combate à miséria. Novamente, neste ponto, defendeu uma visão acoplada à proposta pela Dilma Rousseff. “O Bolsa Família em Alagoas coloca três vezes mais dinheiro no Estado que o setor sucroalcooleiro. E o setor sucroalcooleiro só coloca o que coloca hoje porque eu tive coragem de colocar o dedo na ferida, quando fui governador. O povo em meu governo virou cidadão, mas é preciso ampliar estes programas federais. Eu pretendo também usar o Fundo de Combate a Pobreza (Fecoep), que foi criado e ainda não teve uma aplicação devida, pois é necessário ampliar a economia solidária e estimular a geração de renda. No meu governo, foram criados 180 mil postos de trabalho”, disse.

Ainda no setor econômico, Lessa defendeu um concurso para a pasta da Agricultura, com a finalidade de ampliar o corpo técnico para investimentos no setor. “Criarei também uma secretaria de Irrigação”. O ex-governador defendeu o setor do Turismo como “o futuro de Alagoas” e disse já ter garantido a construção de um aeroporto em Maragogi, caso seja eleito governador do Estado. “É preciso mais investimentos no Turismo e no terceiro setor que é de serviços”.

Em considerações finais, Lessa encerrou dizendo que "não é mito, nem fenômeno, apesar de me chamar Ronaldo. Se eu cheguei aonde cheguei, foi com o apoio da sociedade".

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