‘Este Estado vive um retrocesso, vamos reiniciar de onde paramos’

Luis Vilar/Alagoas24horasLessa volta a ser sabatinado na série de debates promovido pela Fecomércio

Lessa volta a ser sabatinado na série de debates promovido pela Fecomércio

Pela segunda vez, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) foi sabatinado, em evento promovido pela Fecomércio, como candidato ao cargo de governador do Estado. Lessa chegou a ser entrevistado na semana passada, mas logo após a rodada foi cancelada e retomada nesta semana, com Jefferson Piones (PRTB) abrindo as discussões. Com a entrevista de Lessa, dos seis postulantes ao cargo de governador, fica faltando apenas Mário Agra (PSOL), ser sabatinado. Agra será entrevistado na próxima segunda-feira, dia 26.

Na nova oportunidade, Ronaldo Lessa foi mais incisivo nas críticas ao atual governo do Estado de Alagoas. De acordo com ele, a Terra dos Marechais vive um retrocesso, mas que “o desenvolvimento deve retomar” com o retorno dele ao poder. “É com alegria que a gente assume este papel para buscar representar a população e trazer paz e tranqulidade para este Estado”, colocou. Lessa ainda colocou que é “o candidato com menor índice de rejeição”, segundo ele mesmo.

O ex-governador abriu o debate explorando o tema de políticas para geração de emprego e renda. Lessa reconheceu a importância do setor sucroalcooleiro, mas destacou que é uma economia que tem andado por si só. Ao ser indagado sobre o fato da mecanização do setor ter gerado desemprego, Ronaldo Lessa frisou: “há necessidade de políticas públicas para Educação, aumentando a escolaridade das pessoas e preparando mão-de-obra para outros serviços”, colocou.

Ronaldo Lessa frisou que a geração de emprego e renda pode ser estimulada com investimentos na área da Educação. De acordo com ele, política adotada por ele mesmo nas duas oportunidades que teve de governar Alagoas. “Além disto, vamos investir no setor da agricultura familiar. O desenvolvimento econômico tem que acontecer e o Estado precisa ter um articulador, buscando parcerias com os diversos segmentos e empresários para encontrar formas de qualificar mão-de-obra e gerar emprego”, frisou.

Para isto, segundo o governador, faz-se necessário o investimento no ensino profissionalizante. “Quando fui governador tinham duas escolas nesse sentido, que o atual governo fechou e só reinaugurou agora. Não sei nem se é profissionalizante ainda”.

Turismo e comércio

Ao falar em desenvolvimento, Ronaldo Lessa também frisou a necessidade de investimentos nos setores de Turismo, Comércio e serviços. “É preciso investir nestes setores e principalmente para o Turismo crescer mais ainda. Só podemos fazer qualquer tipo de ação neste sentido se melhorarmos o nível de escolaridade. Não se faz política pública com o nível de escolarização muito baixo. Nós precisamos que o governo possa encaminhar o ensino profissionalizante”.

Ronaldo Lessa citou como fator a ser considerado a expectativa de exploração de minério em Alagoas e a chegada do estaleiro. Mas, fez críticas ao atual governo ao falar em estaleiro. Ele disse temer “ser fogo de palha”. Lessa salientou a necessidade de parcerias com o Governo Federal, caso Dilma Rousseff seja eleita, para investir em ferrovias. “É preciso dar ao Estado uma infraestrutura. O Nordeste, no governo Lula, está competitivo e está crescendo”, colocou.

Analfabetismo

Ronaldo Lessa foi questionado sobre o combate ao analfabetismo. “O final da década de 90 e 80 foi um desastre. Houve um retrocesso nestes quatro anos em relação ao que havíamos feito em nossa gestão. Investimos maciçamente em escolas. Foram mais de 400 obras neste sentido. Mas, o problema não é só o analfabeto. O atual governo foi irresponsável por não tratar do jovem na idade escolar”, salientou. De acordo com Lessa, é necessário parcerias com empresários para estimular o processo de alfabetização.

“Caso assuma, sigo um plano parecido ao do Governo Federal e com uma meta que é extinguir o analfabetismo até 2020. E investir para deixar o jovem na escola, não ter evasão escolar. Há recursos – do Governo Federal – para trabalhar com a faixa etária que vai do zero a seis anos. Trabalhar em conjunto com o governo Federal, estadual e municipal. Vamos ter sintonia para fazer isto”, disse.

Na avaliação do ex-governador, seus oito anos de governo representaram “um salto” para a Educação. “Houve agora um retrocesso, mas a gente vai retomar. Quem lembra, sabe que implantamos eleições democráticas nas escolas, implantamos a merenda descentralizada para estimular a compra nos mercados locais”, explicou o governador.

Saneamento

Ao falar de saneamento básico, o atual governador Ronaldo Lessa destacou que os números apresentados pelo IBGE diferem dos mostrados pelo Governo do Estado. “Como se mente nesse Estado ultimamente. Os dados reais diferem de todos os números dados pelo governador. Foram quatro anos perdidos. É o governador Cascão. Não colocou investimentos em água, nem um m³. Nós fizemos o sistema Pratagy, duplicamos adutoras e retomamos a obra do Canal do Sertão”, salientou.

“Eu fiz investimento maciço. Investir em saneamento é fundamental. E esta é uma política junto com o governo Federal, que tem verbas para isto. Mas, além do saneamento é preciso trabalhar políticas para resíduos sólidos, que é a questão do lixo”, colocou. De acordo com Lessa, os municípios possuem lixões a céu aberto. “É um problema que precisa ser resolvido tendo o Estado como articulador de convênios, para que possamos ter usinas de energia e tratamento de lixo”, colocou.

Ao falar em parcerias federais para este projeto, Lessa ainda alfinetou dizendo que o atual governo recebe muitas verbas federais e poderia fazer melhor. “Eu governei com 1/3 do que o Brasil cresce hoje”, colocou. Ronaldo Lessa falou ainda sobre segurança pública. “O que tem de recurso hoje comparado a nossa época é enorme. Tudo destinado para a segurança. O governo do Estado só coloca 1% e depois diz que é deles”.

“Nunca se teve de fato tanta arma aqui no Estado. Há viaturas novas que são adquiridas pelos recursos federais. Mas, cadê gente? Não fale sobre gente com os tucanos. Eles não conhecem isto. Falta gente, pois tem que contratar, realizar serviço público e estimular os profissionais da segurança pública”, destacou Ronaldo Lessa. O candidato pedetista falou ainda de projetos para “vencer a guerra contra o crack e incentivo à polícia comunitária”.

“Tem gente aí que diz que vai colocar a mão pesada sobre bandidinho, mas estes bandidinhos são fruto de ausência de políticas sociais. Há a questão do crack e é preciso agir em cima, com políticas sociais e combatendo ao traficante grande, com coragem. É preciso capacidade de pegar quem tá lá em cima no topo do tráfico, entender segurança pública com outros olhos. Sem gente, nada disso muda. O atual governo acabou com as delegacias de bairro e agora só tem a Central de Polícia. É um absurdo”, frisou ainda.

Adversários

Ao avaliar adversários, Ronaldo Lessa comparou Teotonio Vilela Filho e Fernando Collor de Mello. De acordo com ele, são “os representantes de políticas conservadoras e da elite burguesa do Estado”. Vale lembrar que Lessa apoiou Vilela para o governo do Estado em 2006 e iniciou o processo com o apoio de Fernando Collor de Mello, que depois desistiu e partiu para uma campanha.

Indagado sobre esta relação de apoios e a proximidade com os hoje adversários, o pedetista respondeu: “apoiar o Téo foi um equívoco. Quer conhecer uma pessoa, dê poder a ela. Quem manda em Alagoas são os usineiros”, disse. Quanto a Collor, falou: “ele me chamou para me apoiar. Mas, é melhor não ter Collor nessa composição. Ele tem a visão deformada e voltada para elite. É melhor sozinho que mal acompanhado”, destacou.

Dívida pública

Ronaldo Lessa também falou sobre a dívida pública do Estado, que dobrou durante sua gestão. Mas, o ex-governador responsabilizou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por este aumento que ocasionou em uma dívida de R$ 7 bilhões, que faz com que o Estado sangre em R$ 40 milhões/mensais. “Se a dívida dobrou, eu não tenho nada haver com isso. A culpa é do presidente deles, o FHC na época que praticou juros extorsivos que eu comparo a uma agiotagem. Se a dívida aumentou, eu não tive culpa. Os juros são juros tucanos”, disse.

“Em meu período de governo eu só enfrentei dívidas. Eu fui pagando tudo, sem poder pegar empréstimos. Se hoje este governo faz empréstimos é por conta dos ajustes que fizemos. Aí me vem o governador e fala em buraco, quando a dívida deixada é bem menor do que o que ele prega. E este empréstimo de R$ 1 bilhão que eles fizeram. O que é que foi feito com esse dinheiro? As obras são federais. Cadê este dinheiro? Onde diabos se enfiou esse dinheiro? Ninguém sabe”, disse.

Lessa finalizou afirmando que está “enfrentando o poder econômico nestas eleições”. E direcionou uma crítica a Fernando Collor de Mello: “É um gestor que tem sido, em sua história, absolutamente avesso ao povo”.

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