Desde o último mês de março, a Santa Casa de Maceió vem facilitando a realização de transplantes de rim, por meio do financiamento dos exames de imagens necessários à realização do procedimento cirúrgico e que não são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa também prevê a realização de, no mínimo, dois transplantes por mês.
"Se o exame precisa ser feito e não é bancado pelo SUS, a Santa Casa banca", explica o médico nefrologista e coordenador da Área de Transplante Renal da Santa Casa de Maceió, Arnon Farias Campos, enfatizando que a demora para a realização de todos os exames pré-transplante muitas vezes acaba fazendo com que o doador desista do procedimento e, consequentemente, o receptor continue dependente da máquina de hemodiálise.
"Quando os exames demoram muito, o doador vai embora. Muitas vezes acontece dele passar quase um ano à espera do exame e, por conta da demora, ter que refazer alguns exames que já tinham sido feitos. A Santa Casa também montou uma política para realização de pelo menos dois transplantes por mês e, desde o mês de março, isso vem sendo cumprido", destaca o médico.
Todos os portadores de doenças renais crônicas são potenciais receptores de órgãos. Já no caso dos doadores, eles podem ser cadáveres ou vivos, sendo que nos dois casos é necessário que haja compatibilidade com o receptor do órgão.
A cirurgia de transplante de rim é tecnicamente considerada de média complexidade, dura em torno de 3 horas, e tem a recuperação considerada tranquila. No caso do doador, ele recebe alta do hospital no 4º dia após o procedimento cirúrgico, podendo voltar à rotina de trabalho dentro de três meses. Já o receptor, depois de um ano é que ele passa a levar uma vida normal.
"Depois do transplante, o outro rim substitui as funções do órgão que foi retirado. No caso dos receptores, a grande diferença na vida deles é não ficar mais dependente de uma máquina três vezes por semana e isso significa qualidade de vida", destaca o médico Arnon Farias.
Ainda segundo ele, após cerca de cinco anos da realização do transplante, 90% dos enxertos estão funcionantes e 10% retornam ao programa de diálise. "Isso acontece porque não existe uma compatibilidade de 100%, já que uma pessoa não é igual à outra. Por outro lado, entre 70 e 80% dos transplantados levam uma vida normal por 10, 15, 20 anos e mais", ressalta o médico.
São potenciais candidatos à doença renal as pessoas diabéticas, obesas, hipertensas, cardíacas, com colesterol alto ou histórico da patologia na família. "Infelizmente, bebês com baixo peso e que passam muito tempo internados em UTI também são de risco para doença renal crônica”, acrescentou o médico. Para identificar se tais pacientes podem ter a doença no futuro, basta realizar exames de urina e de sangue e fazer acompanhamento, chama-se prevenção em nefrologia.
A área de transplante renal da Santa Casa de Maceió é formada por profissionais das áreas clínica e cirúrgica. Fazem parte os médicos nefrologistas Arnon Farias Campos, Sandra Azevedo Antunes e Rodrigo Peixoto Campos, os urologistas Willian Rogério Melo Monteiro, Mário Ronalsa Brandão Filho – coordenador cirúrgico, e Alexandre Henrique Figueiroa, os cirurgiões vaculares Jubrant Petruceli, Ronaldo Nardão Mendes e Pedro Fernandes Teixeira do Nascimento.