Campeão da América. Campeão do mundo. Campeão de tudo. E agora campeão da América de novo. Campeão de tudo e mais um pouco. Campeão de tudo que existe e um tanto mais. Campeão, campeão e campeão! Mil vezes campeão! Não foi apenas em um jogo de futebol que o Inter venceu o Chivas por 3 a 2 e virou bicampeão da Libertadores. Foi em uma cerimônia muito superior: uma celebração do coloradismo, um ritual de entrada na maturidade dos gigantes do futebol mundial. Não termina mais aquilo que começou em 2006. Não tem mais fim. O Inter é campeão! De novo!
E é campeão porque um dia os deuses do futebol decidiram que Rafael Sobis viria ao mundo para fazer o Inter campeão. Foi dele o gol do empate, quando o Inter perdia por 1 a 0 e via os fantasmas dos anos 90 sobrevoarem o Gigante. Leandro Damião, novato, promessa do clube, entrou em campo para fazer o segundo, para entrar na história com um chute, uma conclusão, um gesto! Giuliano, predestinado, iluminado, fez o terceiro!
Campeão de tudo! Bicampeão da América! Foi sofrido, porque o Chivas incomodou. Foi no sufoco, porque a vida do Inter é assim. Foi de chorar, porque é para chorar mesmo. O Sport Club Internacional, o Colorado das glórias, orgulho do Brasil, é novamente o dono do continente.
Tudo errado: Chivas faz 1 a 0
Não podia ser verdade. Quando Fabián subiu dentro da área colorada e emendou um voleio, simplesmente não podia ser verdade. Simplesmente não podia ser verdade aquela bola entrando no canto direito de Renan. Não podia ser verdade aquela rede balançando enquanto os jogadores do Chivas corriam de um lado para o outro, eufóricos, incrédulos. Aos 42 minutos do primeiro tempo, o time mexicano largou na frente. A zaga bobeou, permitiu o cruzamento, permitiu a conclusão perfeita de Fabián. Não podia ser verdade. E era a mais pura e dolorida verdade.
Deu tudo errado. A começar pela ausência de Alecsandro, lesionado, deu tudo errado para o Inter no primeiro tempo. O time vermelho, muito bem marcado, não conseguiu ter a dinâmica de outros jogos. O Chivas se agigantou na comparação com o primeiro jogo da final. Teve Fabián como uma referência, teve Bautista como um motor. E o Inter teve falhas: de Sandro, de Bolívar, de todos. Errado. Tudo errado.
O danado do Fabián já tinha incomodado antes de fazer o gol. Com um minuto de jogo, arriscou na direção de Renan. A bola desviou em Guiñazu e saiu. Com 22 minutos, o meia do Chivas mandou uma pancada lá do fim do mundo, nas imediações da intermediária. A bola lambeu o ângulo vermelho. Foi um susto daqueles.
O Inter foi pouco perigoso, mas não inofensivo. Tentou em chute cruzado de Tinga, tentou em cabeceio forte de Índio, tentou em bonito giro de Bolívar. Tentou especialmente quando D’Alessandro rolou para Tinga, que passou por dois marcadores como se eles não existissem antes de cruzar para Rafael Sobis fazer corta-luz e Taison concluir no cantinho, com perigo. Michel, o goleiro do Chivas, defendeu. Não deu certo. Deu errado. Tudo errado…
Campeão! Inter vira para cima do Chivas!
Tem sujeito que nasceu para transcender o conceito de jogador de futebol. Tem sujeito que nasceu para ser mais do que um cara bom de bola. Tem sujeito que nasceu para fazer dois gols no Morumbi e ser herói. Que nasceu para, quatro anos depois, marcar no Beira-Rio e ser mais herói ainda. Rafael Sobis, colorado de coração, apaixonado pelo clube, é um mito para o Inter. Foi dele, aos 16 minutos do segundo tempo, o gol que abriu o título colorado.
Santo Kleber. Cruza com a naturalidade com que respira. Santo Tinga. Onipresente, estava na área para incomodar. Santo Sobis! Bendita conclusão! O Beira-Rio rugiu como raras vezes tinha rugido, balançou como quase nunca tinha balançado. Dezesseis minutos: Kleber, Tinga, Sobis, Beira-Rio, cada colorado espalhado pelo planeta, todo mundo no mesmo grito. Gol do Inter! Gol do Inter!
E foi justo. Se deu tudo errado no primeiro tempo, a etapa final foi diferente. Taison, de bico, já tinha ameaçado. Sobis (herói!) já tinha mandado uma pancada no peito do goleiro do Chivas. Era outro Inter. Era o Inter campeão.
Rafael Sobis, extenuado, saiu de campo. Foi substituído por Leandro Damião. E teve estrela até aí. Aos 30 minutos, o garoto partiu em disparada na direção do gol. Usou suas pernas compridas, magricelas, para chegar na frente da zaga. Era ele contra o goleiro. Era ele ou Michel. Era ele! Damião! Gol do Inter!
O resto é história, é festa, é barulho. O Chivas tentou empatar. Só tentou. O Gigante balançava, urrava, pulava como se fosse um ser vivo feito de concreto. Tinga, outro herói, foi substituído por Wilson Matias. Saiu de campo vestindo o calção de Rafael Sobis. Tinha manchado o seu de sangue. De sangue colorado. De sangue bicampeão da América. De sangue campeão de tudo que existe.
Com o Chivas sem Arellano, expulso, o Inter fez mais um. Sabe por quê? Porque essa final tinha que ter um gol de Giuliano. E tinha que ser no final. Tinha que ser! Predestinado. Foi o sexto gol do meia em uma Libertadores toda dele, toda do Inter, toda dos colorados. Os mexicanos, com Araujo, ainda fizeram o segundo. Pouco importa. Nada mais importa!
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