Mais de 40 operações das polícias realizadas na Paraíba nos últimos sete anos comprovam que facções do crime organizado, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho), criadas por presos de outros Estados, continuam agindo, recrutando pessoal e se estruturando no Estado com a ajuda de policiais. E mais do que isso: novos grupos estão surgindo, principalmente na periferia de bairros da Grande João Pessoa e Campina Grande e travando entre eles uma verdadeira “guerra” pelo poder, domínio de crimes e pela disputa da rede de tráfico de drogas, que movimenta fortunas.
A rede de tráfico de drogas teria movimentado na Paraíba pelo menos R$ 389 milhões, em quase quatro anos e meio (de 2005 a abril de 2009). A estimativa de lucro foi feita com base em estatísticas de apreensões da Polícia Federal no Estado e projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), que estima que, em todo o mundo, o aparelho policial só consegue apreender em torno de 10% da droga que entra e circula nos Estados.
A Operação Quark, realizada em maio deste ano – que desarticulou uma rede de traficantes de drogas com atuação na Paraíba, em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rondônia – detectou que a facção paulista PCC está se fortalecendo e se estruturando em toda Paraíba.
“O PCC já foi fraco aqui, mas agora está havendo uma estruturação para todo o Estado. Além disso, está brigando pela liderança do tráfico e de outros crimes com outro grupo, que se diz seguidor da facção Al Qaeda”, afirmou o delegado Állan Murilo Barbosa Terruél, que comandou a operação. Somente essa rede movimentava mais de R$ 1,5 milhão por mês e era articulada por presidiários através de ligações de celular, com chip empresarial.
Para o delegado do Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil (GOE), Wallber Virgolino, que investiga a atuação do PCC no Estado, daqui a cinco anos, essa facção poderá estar sem controle, caso não haja um combate integrado com todas as polícias. “Se as polícias e os poderes constituídos não se unirem para desenvolver um trabalho com seriedade e um combate efetivo ao crime organizado e as facções que estão se estruturando e ganhando força na Paraíba, daqui a cinco anos, vai ocorrer aqui o que já está acontecendo em outros Estados do Nordeste como Alagoas, onde foi descoberto, no início deste mês, um plano do PCC para matar juízes, promotores e o filho de um desembargador”, prevê Virgolino.
“Os policiais não estão preparados para combater o crime organizado e alguns estão envolvidos com ele. As principais políticas de combate ao tráfico estão falidas porque atacam apenas a droga e, às vezes, o patrimônio dos traficantes, mas não combatem toda a rede, que é forte e movimenta muito dinheiro”, acrescentou Terruél.