A greve dos médicos residentes, deflagrada nacionalmente na última terça-feira, tem provocado redução no número de procedimentos e no atendimento aos pacientes do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes. No ambulatório de Oftalmologia, por exemplo, a prioridade tem sido atender aos pacientes agendados pelo CORA, a central que regula as marcações de consultas no Estado. As consultas de retorno estão sendo adiadas e remarcadas. “Não há condições de prestar os dois atendimentos, pois o número de médicos do ambulatório caiu 50%” informa a médica Andréa Santos. Segundo ela, o atendimento caiu em 70%. O Ambulatório dispõe de seis oftalmologistas do quadro e seis residentes.
No Serviço de Dermatologia do hospital a situação está menos crítica porque os médicos do setor trabalham numa escala mais eficiente para atender à demanda e alguns pacientes estão deixando de comparecer às consultas agendadas. “Observamos a ausência de pacientes e achamos que eles não entenderam que as consultas continuam sendo realizadas pelos dermatologistas do hospital e só os médicos residentes paralisaram as atividades” enfatiza a médica Ianna Kelly. Ela observa que além dos pacientes, os próprios médicos grevistas terão prejuízos com o adiamento do calendário de ensino.
Prejuízo maior com a paralisação é sentindo na Clínica Cirúrgica do hospital, pois sem a participação dos médicos residentes no processo o número de internamentos para cirurgia vem sendo reduzido gradualmente. A Direção do Hospital ainda não tem o levantamento dos efeitos da greve nos serviços, mas reconhece a gravidade da situação. No entanto, os diretores consideram a mobilização pertinente e as reivindicações justas. Os médicos residentes estão sem receber reajuste na bolsa auxílio, hoje no valor de R$ 1.916,45, há quatro anos. Em 2007 o governo federal prometeu um aumento de 23%, que não foi cumprido. Hoje a categoria exige 38,7% de aumento nos vencimentos.
Além do reajuste da bolsa, os grevistas querem o auxílio moradia e auxílio alimentação, conforme estabelece a Constituição; o pagamento do 13º salário, a definição de uma data-base, o pagamento do adicional de insalubridade, o cumprimento da jornada de 60 horas semanais, previstas em lei e a ampliação da licença maternidade para seis meses.
Na próxima sexta-feira, os grevistas realizarão assembléias estaduais para discutir encaminhamentos da mobilização. Até agora, o governo federal só acenou com a possibilidade de reajustar a bolsa auxílio em 20%. A categoria rejeito a proposta e afirma que só retorna às atividades quando houver propostas que positivas para ambas as partes.