Realizar as eleições gerais nas cidades devastadas pelas chuvas que castigaram Pernambuco e Alagoas, em junho deste ano, será um dos maiores desafios da Justiça Eleitoral neste ano. Uma tarefa complicada, que desde os primeiros dias da tragédia, vem mobilizando os tribunais regionais eleitorais (TREs) dos dois estados. Algumas cidades de Alagoas podem até ter que usar baterias de carro como fonte de energia para as urnas eletrônicas, mas ainda não há definição de quais serão as localidades.
A Justiça Eleitoral montou grupos de representantes dos tribunais regionais que observam a campanha nessas cidades e tentam identificar possíveis candidatos que venham a oferecer à população fragilizada em troca de votos.
Por conta da catástrofe, os candidatos ao governo que concorrem à reeleição estão livres da legislação eleitoral que impede a execução de obras no período de campanha.
Além disso, a própria Justiça Eleitoral teve que sair às ruas em campanha para estimular os eleitores a votar e a retirar seus novos títulos, que foram reimpressos, já que os antigos foram levados pela água.
Em Alagoas, onde a força da correnteza levou consigo cidades inteiras, o pleito só será possível graças ao Exército, que irá instalar 60 barracas em diferentes municípios, que funcionarão como seções eleitorais onde as antigas já não existem.
É o caso de Branquinha, município de pouco mais de 12 mil habitantes a 64 quilômetros de Maceió, capital de Alagoas, que terá de ser totalmente reconstruído.
O TRE de Alagoas planeja instalar seis barracas de campanha do Exército que serão utilizadas como locais de votações. A energia para fazer funcionar as urnas eletrônicas será providenciada a partir de baterias de automóveis.
Santana do Mundaú e União dos Palmares terão pelo menos 23 barracas e, onde os ginásios de esportes ficaram de pé, a Justiça Eleitoral irá concentrar as seções eleitorais de diferentes regiões do município. Para orientar a população, faixas indicativas com o endereços dos novos pontos de votação serão espalhadas pelas ruínas das antiga seções.
Em Pernambuco, o governo do estado reimprimiu 200 mil títulos que estão sendo distribuídos à comunidade. Segundo o TRE pernambucano, diferentes locais de votação, nos municípios atingidos pela cheia, não terão condições de funcionar por dois motivos: ou foram destruídos, ou estão servido de abrigo para famílias que perderam tudo.
Palmares, um dos municípios mais atingidos, terá pelo menos sete locais de votação que serão transferidos de endereço. Água Preta terá três, Barreiros (4), Catende (1) e Cortês (7).
Ajuda do TSE
Em julho, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, anunciou ajuda aos municípios de Alagoas e Pernambuco onde as chuvas provocaram danos em cartórios e demais prédios públicos usados nas eleições.
"Se for preciso, vamos usar tendas e urnas eletrônicas que funcionam a bateria para garantir aos eleitores dessas cidades o direito ao voto", afirmou à época.
Lewandowski visitou e sobrevoou algumas cidades atingidas pelas enchentes. O presidente do TSE também prometeu liberar recursos adicionais do orçamento das eleições 2010 para garantir a realização do pleito.
“Vamos atender o possível dentro do nosso orçamento. De volta a Brasília, vou me reunir com a equipe técnica para ver o que pode ser feito.Temos que conciliar nossa dotação orçamentária para ajudar as duas situações”, afirmou o presidente do TSE, se referindo também às regiões do estado de Alagoas também atingidas pelas chuvas.
O ministro esteve no município de Palmares para conferir a situação do cartório eleitoral, que foi completamente destruído pela enchente e agora funciona provisoriamente no Batalhão da Polícia Militar da cidade.
“Deparei-me com uma realidade bastante crítica, muito pior do que imaginava. Várias cidades tiveram os cartórios eleitorais destruídos e estão em situação de calamidade. O TSE vai envidar todos os esforços para que as eleições ocorram normalmente nesses locais”, disse o ministro.