A desocupação das casas situadas na área do Aeroporto Freitas Melro, em Penedo, foi concluída no final da tarde desta quinta-feira, 9. As 14 famílias despejadas tinham até as 18h para cumprir a ordem expedida pela Justiça Federal. Para evitar um possível retorno ou reocupação dos imóveis, inclusive por outras famílias, o fornecimento de água e luz foi interrompido. A retirada feita sob clima de revolta e dor.
A reintegração de posse da área que pertence ao governo federal deveria ter acontecido até 12 de agosto, mas foi confirmada somente na quarta-feira, 8. As famílias que construíram imóveis nas imediações da cabeceira da pista de pouso receberam a visita de oficiais da justiça federal, servidores que retornaram ao local na manhã seguinte acompanhados por policias federais, representantes da prefeitura, da União e membros do Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar.
Duas guarnições do Pelopes e uma equipe do Corpo de Bombeiros também foram acionadas, mas não precisaram atuar. Membros da família de Rosa Catum já haviam providenciado transporte para remover móveis e material das casas, como telhas, portas e janelas. Do trabalho de demolição, restaram apenas as paredes de pé, estruturas que deverão ser derrubadas com tratores, complemento do serviço a cargo da União que não teve prazo divulgado.
“Nós vamos para casa de outros filhos meus, vamos ter que colocar seis famílias em duas casas, não vamos ter nem uma dormida digna”, lamentava Rosa Catum, que passou mal e precisou ser levada para a Unidade de Emergência de Penedo. Refeita da crise nervosa, ela retornou ao local onde viveu desde criança. Já o casal Evódio Barbosa de Oliveira, 70 anos, e Marizete Correia de Lima, 46, alugou uma casa em um bairro próximo. “Eu consegui um lugar pra minha família, agora espero que a prefeitura pague o aluguel porque a gente não tem condições pra isso”, afirmou a agricultora.
Oferta de um “chão” na Cidade do Povo
A casa de Evódio e Marizete foi abaixo sob os golpes de marreta aplicados por filhos e amigos do casal. O material será guardado em um depósito da prefeitura, assim como os pertences de Francisco Pessoa, 57 anos. Ele e as outras 13 famílias despejadas receberam como a oferta de um “chão” na Cidade do Povo, conjunto residencial popular, mas todos alegam impossibilidade financeira de construir um novo imóvel. Enquanto não tem um novo endereço fixo, Francisco vai ficar em uma casa alugada pela prefeitura, segundo informou uma representante da administração municipal.
Três caminhões alugados à prefeitura fizeram as mudanças e a remoção do material de construção aproveitado. A ordem judicial que citou 73 pessoas, em sua maioria agricultores que cultivavam roças ao lado da pista do aeroporto, tem como objetivo acabar com a ocupação irregular da área para a realização da reforma do Aeroporto Freitas Melro, investimento que deveria ter sido feito em 2009, mas que teve a verba devolvida ao governo federal porque não houve a desocupação.
A doação de um lote de terra a título de indenização para os lavradores e moradores, proposta lançada pela prefeitura que não avançou, pode não se concretizar. O terreno oferecido aos posseiros, situado no povoado Campo Redondo, vizinho do aeroporto, tornou-se alvo de ação judicial por parte de uma família que alega ser dona da área oferecida.