Cerca de 10 barracos ficaram completamente destruídos após o incêndio que atingiu a Favela do Saulo, na Rua Guatemozin, na Vila Guilherme, Zona Norte de São Paulo, no início de tarde deste sábado (11). Segundo levantamento feito pelos próprios moradores e passado à Defesa Civil, 15 famílias ficaram desabrigadas, totalizando 32 adultos e 20 crianças. Não houve vítimas.
Segundo o tenente Lino Marques, do Corpo de Bombeiros, o fogo pode ter começado por conta do calor e do acúmulo de materiais recicláveis, como papelão e garrafas plásticas, dentro da favela.
A destruição foi total: fogões, sofás, camas, geladeiras, aparelhos de TV e DVD. Apenas com a roupa do corpo, um prato de comida nas mãos e um colchão para ele, sua esposa e três filhos, entre eles o bebê com cinco meses de vida, Ederlan Sampaio Silva não sabe nem se vai conseguir continuar no seu trabalho. "Sou vendedor ambulante. Ou era, porque até a mercadoria foi embora", diz Silva.
Além dos móveis e bens de consumo, o casal Noemia da Silva Porto e Antonio Cardoso da Silva perdeu todos os documentos e até mesmo a declaração de nascimento da sua filha, Gabriela. "Ela nem tinha sido registrada, nem tinha a certidão [de nascimento] ainda. Não tenho nem leite para minha filha", lamenta Noemia. A criança, de apenas 1 ano, fez aniversário neste sábado.
A empregada doméstica Kacilda de Jesus Silva saiu de sua casa pouco antes do incêndio se alastrar, e isso pode ter salvo sua vida: o botijão de gás da sua casa explodiu logo em seguida. "E agora eu vou para onde com meus filhos? Não tem para onde ir", diz Kacilda.
A Prefeitura de São Paulo irá oferecer abrigo para os moradores que não tiverem outro lugar para onde ir. Também serão doadas cestas básicas, colchões e refeições. Segundo a Defesa Civil, o terreno da Favela do Saulo é particular e está sob disputa judicial. Por conta de uma ordem de despejo, os moradores da comunidade deveriam ter deixado a área em 30 de julho.