Referência única em Alagoas para o tratamento de queimaduras, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Geral do Estado (HGE) ganhará, com a ampliação da unidade hospitalar, um centro cirúrgico totalmente equipado para o atendimento de pacientes vítimas de queimaduras graves que necessitem de cirurgias reparadoras.
“A previsão de entrega é dezembro deste ano, após a conclusão da segunda etapa das obras no HGE. Com a inclusão de um centro cirúrgico, o CTQ oferecerá tratamento diferenciado”, afirma o gerente geral do HGE, o cirurgião Carlos Alberto Gomes.
Ele explica que a complexidade de alguns casos de queimaduras em crianças e adultos leva a equipe médica a realizar procedimentos mais delicados, como a cirurgia reparadora. “Em situações graves é necessário realizar o enxerto, quando uma parte de pele saudável é retirada para aplicar na parte doente, além de outros tipos de cirurgias reparadoras”, disse.
Segundo ele, as cirurgias de queimados estão sendo realizadas no centro cirúrgico do HGE. “Com o tratamento cirúrgico realizado no próprio CTQ, os benefícios para o paciente serão inigualáveis, o simples fato de não locomover o paciente para outra área do hospital já beneficia o tratamento da queimadura imensamente. Pois se diminui o risco de infecção”, acrescentou.
O centro cirúrgico do CTQ beneficiará pacientes como Raul Santana e Júlio Barros, vítimas de queimaduras graves, ambos conhecem a realidade de uma cirurgia reparadora. Raul, 28 anos, após um acidente de moto sofreu queimaduras de terceiro grau na região abdominal. No HGE realizou cirurgia reparadora e está internado em recuperação. Júlio, 28 anos, vítima de explosão de botijão de gás, sofreu queimaduras de segundo grau e, após algumas cirurgias já realizadas nos membros inferiores e superiores aguarda nova cirurgia.
Com 20 leitos específicos para o tratamento de queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, o CTQ conta com uma equipe formada por quatro cirurgiões plásticos, três pediatras, dois clínicos, seis anestesistas, sete enfermeiros, 32 auxiliares e técnicos de enfermagem, dois fisioterapeutas e um psicólogo. Lá, o paciente encontra toda a infraestrutura necessária para atendimento do mais alto nível médico-hospitalar.
“O centro conta com uma equipe multiprofissional que está pronta e apta para atender qualquer tipo de queimadura, desde as leves até as graves, de terceiro grau. A realização deste projeto é a concretização de um sonho. O novo centro irá atender e beneficiar a população com tratamentos da mais alta qualidade e tecnologia”, destaca a médica Viviane Ferro, coordenadora do CTQ.
De acordo com ela, diversas estratégias que visam fortalecer a humanização do atendimento são desenvolvidas no setor. O centro conta com uma brinquedoteca onde as crianças recebem assistência psicológica e participam de atividades lúdicas realizadas pelos setores de psicologia e serviço social que somam esforços no sentido de ajudar a diminuir o sofrimento conseqüente das queimaduras e do longo tempo de internação.
Segundo os dados estatísticos do CTQ, 95% dos pacientes que dão entrada no setor sofreram queimaduras por agentes térmicos, 85% destes por escaldaduras e chamas. Conforme dados registrados em 2009, o Centro internou cerca de 260 pacientes e mais de 570 foram atendidos pelo ambulatório, uma média de 47 ao mês. A maior incidência de queimaduras ocorre em crianças, na própria residência. Nos meses de maio e junho o número de ocorrências aumenta em função do manuseio dos fogos de artifícios e das fogueiras.
De acordo com Viviane Ferro a queimadura deve ser sempre considerada uma ocorrência grave que não está diretamente ligada à extensão, mas à profundidade e ao local atingido. Dentro de casa, o ambiente de maior risco de queimaduras continua sendo a cozinha, onde há muitas ocorrências por líquidos aquecidos, especialmente com crianças.
“No momento que ocorre, é necessário interromper o processo com água fria e buscar orientação profissional, pois uma das infecções por queimadura pode ser o tétano e uma queimadura de terceiro grau pode lesionar os tecidos nervosos, resultando na perda dos movimentos de um membro atingido, por exemplo”, orientou a especialista.