Entidades religiosas pedem saída de Arcepisbo

Uma carta aberta enviada por integrantes da Igreja Católica à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pede a substituição do arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto. O documento, assinado por cerca de 50 pessoas, aponta uma “longa sequência de atos deploráveis reiteradamente cometidos pelo arcebispo”.

No texto, os integrantes da Igreja Católica, como leigos, diáconos e religiosos, frisam que Dom Aldo Pagotto tem agido de maneira incoerente “desde o primeiro ano de sua chegada a essa Arquidiocese, principalmente no tocante ao seu relacionamento sistematicamente desrespeitoso e preconceituoso em relação aos pobres, à maioria das pastorias sociais”.

Os responsáveis pela carta frisam que a hostilidade e arrogância do arcebispo é explicitada, inclusive, através de gestos e palavras. A carta acusa Dom Aldo Pagotto, inclusive, de chegar a perseguir entidades ligadas à própria igreja como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e as Comunidades Eclesias de Base (CEBs) e até padres.

O documento ressalta que, ao contrário, o arcebispo “trata com privilégio os ricos e poderosos e seus respectivos interesses. Para tanto, não hesita em apelar, quando lhe convém, e de forma unilateral, aos rigores do Código de Direito Canônico, como o fez em relação à suspensão de ordens do Pe. Luiz Couto”.

Confira o texto na íntegra da carta contra o arcebispo Dom Aldo Pagotto.

"João Pessoa, 09 de setembro de 2010

Ao Sr. Núncio Apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri

Ao Sr. Presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha

Ao Sr. Presidente do Regional Nordeste II da CNBB, Dom Antônio Muniz Fernandes

Aos membros das instâncias colegiadas da Arquidiocese da Paraíba

Srs. Bispos, nossos Irmãos,

Em carta aberta, nós, Leigos, Leigas, Religiosas, Religiosos, Diáconos e Presbíteros da Arquidiocese da Paraíba, abaixo-assinados, dirigimo-nos respeitosamente aos Srs. Responsáveis pelas diferentes instâncias eclesiais, inclusive as instâncias colegiadas da CNBB, da CNBB Nordeste II e da Arquidiocese da Paraíba, para externar-lhes nossas profundas inquietações em relação à situação comprometedora de nossa Arquidiocese, tendo em vista a já longa sequência de atos deploráveis REITERADAMENTE cometidos pelo Sr. Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto, desde o primeiro ano de sua chegada a essa Arquidiocese (cf. documentos anexos), principalmente no tocante ao seu relacionamento sistematicamente desrespeitoso e preconceituoso em relação aos pobres, à maioria das pastorais sociais (que não apenas não têm contado com seu apoio, antes têm sido por ele hostilizadas). Atos dessa natureza se sucedem, sem qualquer sinal de mudança de atitude por parte de Dom Aldo.

Entendemos chegada a hora de apelarmos a quem tem o dever de se posicionar claramente sobre tal situação, que só tende a agravar-se, caso continue prevalecendo o silenciamento ou a omissão diante da lista considerável de atitudes de desdém ou de humilhação a tudo que diga respeito, por exemplo, às CEBs, à CPT, aos leigos, leigas, religiosas ou até a padres e outros grupos pastorais comprometidos com a causa dos pobres, com igual atitude em relação aos movimentos populares, constantemente agredidos por suas palavras e atos, tratando aos pobres com arrogância e desprezo, enquanto trata com privilégio os ricos e poderosos e seus respectivos interesses. Para tanto, não hesita em apelar, quando lhe convém, e de forma unilateral, aos rigores do Código de Direito Canônico, como o fez em relação à suspensão de ordens do Pe. Luiz Couto.

Seu mais recente ato de desrespeito e de preconceito contra os pobres e suas legítimas demandas se deu por meio da imprensa local – na qual aparece com uma freqüência pouco recomendável a um pastor de quem se espera discrição e prudência. Desta feita, numa atitude de afronta a um pleito legítimo e justo como é o Plebiscito pelo limite do tamanho da propriedade da terra, no Brasil, medida já tomada inclusive por diversos países, inclusive a Itália, bandeira amplamente consensual entre as organizações de base da sociedade brasileira (pleito assumido pela CNBB, pelo CONIC e mais de cinqüenta entidades e movimentos populares) e que tem fundamento na própria Doutrina Social da Igreja e nos Documentos da CNBB.

Eis que, sem tomar em conta sequer os documentos que fundamentam a iniciativa, Dom Aldo Pagotto vai ao Correio da Paraíba, em coluna assinada pelo mesmo, em artigo publicado a dois dias do início do referido Plebiscito, e trata de questionar – já a partir do título capcioso de seu artigo “Limite à propriedade produtiva?” – a validade do Plebiscito, tecendo insinuações injuriosas– inclusive de roubo – contra os pobres e contra os movimentos populares. Não contente com a desfeita, volta à sua coluna semanal de Domingo, dia 5 de setembro, em pleno período de realização do referido Plebiscito, para reiterar sua posição.

Diante desses fatos graves, em que é o próprio pastor que se mantém intransigente em seu comportamento sistemático de semear o divisionismo em seu rebanho, vimos solicitar encarecidamente às diferentes instâncias eclesiais que os Srs. representam, a substituição do atual arcebispo, Dom Aldo Pagotto, convencidos que estamos, por fatos concretos de que ele não atende aos requisitos pastorais e pedagógicos de um pastor, no cuidado de seu rebanho.

Confiantes em sua prudência pastoral, e aguardando seu pronunciamento e as providências urgentes que o caso requer, expressamos-lhes nossas saudações fraternas. Alder Júlio Ferreira Calado – DiáconoElias Cândido do Nascimento – Leigo, Coordenador do MTC/NE-IIGenaro Ieno – Ex-Agente de Pastoral LeigoRolando Lazarte – Sociólogo, ex-professor da UFPBLívia Lima Pinheiro – Leiga, ex-Membro da Equipe Exec. Setor Juvent.Romero Venâncio Júnior – Leigo, Professor UniversitárioGenielly Ribeiro da Assunção – LeigaJosé Brendan Macdonald – Leigo, Assessor na formação de jovens do meio popularEduardo Côrtes Aranha – LeigoAntônio Alberto Pereira – Professor da UFPBRicardo Brindeiro – Animador das Pastorais SociaisArivaldo José Sezyshta – Coordenador do Serviço Pastoral dos Migrantes do NordesteMaria Angelina de Oliveira – Ex-Coordenadora da JOC (nacional e internacional)José Gilson Silva Alves – Dirigente Sindical (SINTER – PB)Luiz Lima de Almeida – Dirigente Sindical (SINTR – PB)Renato Paulino Lanfranchi – Leigo, ativista de direitos humanosRaimundo Nonato de Queiroz – Educador de Jovens CristãosLuciano Batista de Souza – Nós Também Somos IgrejaLuciano de Sousa Silva – Professor da UFPBJoão da Cruz Fragoso – Leigo, membro do Grupo Nós Também Somos IgrejaJosé Marcos Batista de Moraes – Assessor da Past. Juventude/ C.GGilma Fernandes B. Madruga – Leiga, Educadora de Jovens CristãosSamantha Pollyanna M. Pimentel – Leiga, Educadora de Jovens CristãosÍris Charlene Lima de Abreu – Leiga, Educadora de Jovens CristãosJanaína Brasileiro Formiga – Leiga, Educadora de Jovens CristãosJosé Washington de Oliveira Castro Júnior – Leigo, Educador de Jovens CristãosMagdala Cavalcanti de Melo – Leiga, membro do Grupo Nós Também Somos IgrejaValdênia Paulino Lanfranchi – Advogada de Direitos HumanosPedro Ferreira de Lima – Diretor do SINTRICOMLuiz Muniz de Lima – Diretor do SINTRICOMMaria José Moura Araújo – Projeto Sal da TerraErasmo França de Sousa – SINTRICOMJosiana da S. Ferreira – SINDTESPJosé Laurentino da Silva – SINTRICOMEdnalva Costa da Silva – SINTRICOMRafaela Carneiro Cláudio – Leiga, Coord. Assembléia PopularAdenilton Felinto da Silva – Leigo – Educador PopularRosa Lisboa – Leiga – Educadora PopularGleyson Ricardo A. de Melo – Leigo, Assembléia PopularDora Delfino – Leiga, Rede de Educadores do NEJoão Batista da Silva – LeigoJosé Santana – SINTRICOMEulina Pereira Ferreira – Projeto Sal TerraGilberto Paulino de Oliveira – CUTEdmilson da Silva Souza – LeigoFrancisco D. H. dos Santos – LeigoEliana Alda de F. Calado – LeigaMaria de Oliveira Ferreira Filha – Professora da UFPB"

Do O norte Oline

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