Uma das universidades mais antigas do mundo, a Universidade de Ferrara, na Itália, intensifica sua cooperação com Alagoas para a formação de profissionais e a gestão de projetos de desenvolvimento local sustentável. O presidente do Consórcio Ferrara de Pesquisa, Remigio Rossi, e uma comitiva de professores italianos estiveram em Alagoas esta semana, onde participaram do Seminário Internacional Turismos Desejáveis e discutiram novas ideias com representantes de universidades, Governo e órgãos de fomento alagoanos.
A parceria do Estado com a instituição, iniciada há mais de um ano, contempla o desenvolvimento territorial e a gestão do turismo, embora a expectativa dos envolvidos seja a de diversificar as áreas de atuação. Rossi ressaltou a disposição da universidade em estreitar os laços com o Brasil e a América Latina para a educação, formação e pesquisa.
Segundo o presidente do consórcio, o foco dos projetos será definido de acordo com as necessidades locais, a partir de discussões conjuntas. “Nossa região, na Itália, tem muitas iniciativas que podem servir de exemplo para o Estado, inspirando ações inovadoras”, explicou.
De início, as ações vão priorizar a região da Costa dos Corais, composta por oito municípios do litoral Norte alagoano, para em 2011, beneficiar outras regiões do Estado. Em Alagoas, a Secretaria de Estado do Planejamento e do Orçamento (Seplan) – órgão articulador das atividades com a universidade européia – gerencia três “frentes de trabalho”, como denomina o secretário da pasta, Sérgio Moreira.
A primeira é o curso de especialização internacional Master Eco-Polis em Políticas Ambientais e Territoriais, que forma quadros profissionais para a implantação de projetos de desenvolvimento local. Atualmente, nove estudantes alagoanos participam da especialização, cujos módulos acontecem na Itália, Chile e no Brasil.
As outras duas linhas de trabalho envolvem a assinatura de um convênio de cooperação internacional com a Universidade de Ferrara, bem como a consequente formação de uma rede de competências entre aqueles países, somados à Argentina. Como potenciais financiadores de projetos, a Seplan aponta a União Européia (UE), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e instituições da própria Emília-Romana, região italiana onde se localiza a cidade de Ferrara.
Projetos inovadores – Na última terça-feira (21), reitores e coordenadores da Universidade Federal (Ufal), Universidade Estadual (Uneal) e Universidade de Ciências da Saúde (Uncisal) de Alagoas se encontraram com o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Tadeu Muritiba, e o consultor e conselheiro da Agência de Fomento de Alagoas (Afal), José Luis Rhi-Saussi.
Junto à Seplan, o grupo se comprometeu a trabalhar articuladamente para colaborar com os novos projetos ou acolhê-los em núcleos de pesquisas já existentes. O Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac) também abraçou a parceria, embora não tenha participado do encontro.
O assessor de Cooperação Internacional da Ufal, José Niraldo Farias, considera que as instituições de ensino superior devem mobilizar seus estudos em torno das necessidades do Estado. “Apesar de sermos uma universidade federal, estamos em Alagoas e temos um compromisso com o desenvolvimento humano, social e econômico do Estado. É preciso gerar conhecimento que sirva de suporte às políticas públicas”, ponderou Niraldo.
O consultor Rhi-Saussi, que também é diretor do Centro de Estudos de Política Internacional (CeSPI), com sede em Roma, disse que percebe um “divórcio” entre a oferta de pesquisa científica aplicada e a demanda das necessidades de cada Estado brasileiro. “Falta aproximação entre o que se desenvolve nas universidades e o que é usado na prática, nos municípios do Brasil”, concluiu.
Novos cursos – Diretor do Master Eco-Polis, o italiano Gianfranco Franz afirma que o convênio deve ampliar os intercâmbios educativos entre as universidades alagoanas e a Universidade de Ferrara. “Vamos encarar esse desafio”, assegura.
Um dos cursos, segundo o biólogo marinho Michele Mistri, seria um mestrado em Gestão de Região Costeira dentro do programa europeu de intercâmbio Erasmus Mundus, além de mais pós-graduações internacionais.
O assessor internacional da Ufal, Niraldo Farias, acredita que pode ser criado um programa de intercâmbio com a Itália nos mesmos moldes do já existente com a Universidade de Coimbra, em Portugal. “Neste programa, os alunos cursam dois anos em Alagoas e outros dois no exterior, recebendo o diploma de graduação pelas duas instituições de ensino”, explicou.
Esse modelo de licenciatura é financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do governo federal. “A Capes e outros órgãos de fomento, além de alguns programas do governo federal, podem ser nossos parceiros em muitos projetos”, destacou o secretário da Seplan, Sérgio Moreira.
Turismos desejáveis – Parte dos especialistas italianos viajou a Maragogi, litoral Norte de Alagoas, na quarta-feira (22), para participar do Seminário Internacional “Turismos Desejáveis – Reflexões para uma Agenda Estratégica do Desenvolvimento Local Integrado da Costa dos Corais".
O evento, que integra um dos módulos da especialização Master Eco-Polis, organizou três dias de workshops e palestras com técnicos, estudantes e professores brasileiros e estrangeiros.
As nove mesas de trabalho geraram 45 propostas de projetos, que serão aprimoradas com vistas à sua execução na região da Costa dos Corais alagoana.
Ferrara – O Consórcio Ferrara de Pesquisa é uma organização formada pela Universidade de Ferrara e a administração pública da região italiana da Emília-Romana. A Universidade de Ferrara, fundada no ano 1391, figura entre as mais antigas do mundo.