Thatiana Pimentel
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Fraldas, comida, móveis, escola, cursinhos, brinquedos, plano de saúde, shows, esportes, roupas, sapatos, farda, remédios, TV à cabo, internet, viagem, cinema, lanches, aniversários…A lista é interminável. Tanto no número de itens quanto no período de necessidade, geralmente uns 20 anos. Atualmente, um filho para uma família de classe média custa entre R$ 338 mil e R$ 536 mil. Só de fraldas descartáveis, contando apenas os dois primeiros anos de vida, os novos pais precisam desembolsar cerca de R$ 4 mil. A média de gastos básicos mensais com um novo descendente varia de R$ 1, 1 mil a R$ 1,6 mil, o que equivale a um investimento de cerca de R$ 20 mil ao ano.
São valores impressionantes. Em alguns casos, as despesas com os pequenos chegam a 50% do orçamento familiar e acabam causando uma profunda desorganização nas contas domésticas. A conclusão é óbvia: ter filho é caro. Para não ficar com saldo negativo, as famílias precisam fazer um planejamento antes e depois de receber esta nova vida. Pensando nisso, o Diario resolveu analisar três famílias de diferentes perfis e com filhos em fases distintas (seis, 10 e 15 anos) que nos forneceram detalhes de seus rendimentos e gastos. Com base nestes dados, consultamos uma especialista em economia doméstica que deu dicas valiosas de gestão de despesas e indicou os comportamentos que podem ser seguidos por outros pais.
"Aumentar a família é um momento que exige reflexão. Muitas vezes, os pais não têm condições de oferecer, em determinada fase de suas vidas, os melhores cuidados a uma criança. E falo isso tanto na questão dinheiro, quanto na questão de tempo. Criança precisa de atenção", explicou a coordenadora do departamento de economia doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Fátima Massena. Outro ponto que a economista ressalta é a organização da família antes da concepção dos filhos. "Quer ter um bebê? Então arruma o orçamento, controla os gastos e planeja as novas despesas. Basta alguns minutos ao mês, uma tabela simples, e os apertos são evitados".
Para fazer a tabela, a professora adianta que é preciso três colunas: os rendimentos líquidos, as despesas previstas (luz, água, telefone, etc) e as despesas realizadas (aquele vestido que não estava no orçamento e você acabou comprando, um remédio, etc). Depois de feitas as contas, é preciso notar se existe uma folga no orçamento que permita gastos com uma criança. "Educação, saúde e alimentação são as despesas principais e não podem ser ignoradas. Coloque na conta uma escola de qualidade, um plano de saúde e o valor equivalente a uma boa lista de compras e faça uma previsão. Estas são as despesas mínimas que têm que caber dentro do bolso de quem quer ter um filho".
Se você já fez os cálculos e seu orçamento se mostra apertado demais para um novo integrante na família, não é preciso desespero. "A avaliação financeira não indica apenas uma contabilidade desorganizada, mas serve também como reflexão. Olhe para cada item da sua tabela e pergunte: Isto é realmente necessário? ", disse Fátima. É provável que sua lista de despesas diminua após a pergunta. Para as famílias que já têm uma criança e estão planejando o segundo herdeiro, valem as mesmas dicas. "Planejar e avaliar são as palavras chaves para um orçamento controlado. E não se engane achando que os primeiros anos são os mais dispendiosos. Filho é gasto para a vida toda. Na medida em que as fraldas são menos usadas, surgem as mensalidades das escolinhas, depois os shows, e assim por diante".