O historiador Douglas Apratto e a museóloga Carmen Lúcia Dantas estão lançando uma nova obra a quatro mãos. Trata-se do livro “Rio São Francisco – Um ninho de Culturas” publicado pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Alagoas (Sebrae/AL). A noite de autógrafos está programada para esta quinta-feira (7), às 19h, na Casa Jorge Lima.
Juntos, Carmen e Douglas já incrementaram as bibliotecas alagoanas e brasileiras com quatro importantes publicações históricas. São elas: “Arte Sacra em Alagoas”; “Caminhos do Açúcar”; “Cartofilia Alagoana”; e “A Casa das Alagoas”. Ainda este ano, a dupla de amigos deve trazer ao público o livro “Uma Viagem para não esquecer: Pierre Verger em Alagoas” sobre a passagem do célebre fotógrafo francês Pierre Verger por terras alagoanas, registradas por suas lentes em meados dos anos 50 – quando ele já estava radicado no Brasil.
O livro “Rio São Francisco – Um ninho de culturas” é uma publicação oportuna. Mais do que nunca o Nordeste discute sobre o destino ambiental e cultural do Velho Chico, uma das reservas fluviais mais importantes da região. Marco do desenvolvimento local, o rio abriga usinas hidrelétricas que geraram impactos ecológicos e sociais no passado, e ainda permanece no epicentro de novos projetos de infraestrutura polêmicos, como o da construção das primeiras usinas nucleares nordestinas e o da transposição de suas águas.
“O território são-franciscano de Alagoas é peculiaríssimo. Verdadeiro continente a descobrir e conhecer”, diz o historiador Douglas Apratto, mencionando que o Velho Chico é bem mais do que as belas paisagens que seduzem viajantes ao longo dos séculos. “Nele há também costumes, tradições, folclores, gastronomia e um patrimônio artístico e histórico tão variado quanto à multiplicidade dos povos formadores de sua gente”, acrescenta.
Com 2,8 mil quilômetros de extensão, o Rio São Francisco banha três estados nordestinos (Bahia, Pernambuco e Sergipe), além de Alagoas. Em sua cartografia no Estado ele percorre 230 quilômetros, atravessando onze municípios com população formada por 258,8 mil habitantes, ou 8,52% da população alagoana. Fazem parte de seu traçado Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado, Piranhas, Pão de Açúcar, Belo Monte, Traipu, São Brás, Porto Real do Colégio, Igreja Nova, Penedo e Piaçabuçu. Em cada uma dessas localidades o Opara – como era chamado o São Francisco pela comunidade indígena – ganha contornos culturais e sociais exclusivos.
E é sobre a diversidade encontrada na paisagem e nos costumes ribeirinhos que se dedica a obra escrita por Douglas Apratto e Cármen Lúcia. Ele, o historiador, discorre a respeito das transformações sociais e econômicas vividas às margens do São Francisco desde a sua descoberta pelo navegador florentino Américo Vespúcio e seu desbravamento no século 16. Ela, a museológa, versa sobre o povoamento da região do Baixo São Francisco, sua arquitetura, patrimônio histórico, arte, artesanato, religião e imaginário popular.
“Em toda extensão do rio é grande o repertório de histórias, ditos populares, práticas religiosas, mitos e lendas que compõem o conjunto de tradições populares. Algumas vezes a mistura de história com lenda é tão bem enredada que não se pode delimitar onde termina uma e começa a outra”, diz Cármen.
Os textos e fotos contidas no livro “Rio São Francisco – Um ninho de Culturas” dão boa visibilidade à região. “A composição desse acervo e o entendimento dessa cultura, que estão aqui presentes, evidenciam a identidade são-franciscana como um processo de acumulação de experiências que afloram frente às mais diversas conjunturas. Ambos são um lembrete que estimulará a atenção do alagoano para o seu rio e para a necessidade de motivar as novas gerações a conhecê-lo e preservá-lo”, diz Douglas Apratto.
Serviço:
Lançamento do livro “Rio São Francisco – Um ninho de Culturas”
Dia 7 de outubro, às 19h
Casa Jorge de Lima – Praça Sinimbu, s/n, Centro. Maceió/AL
Informações: 4009-1626