Os ex-governadores de Alagoas Ronaldo Lessa (PDT) e Fernando Collor de Mello (PTB) são adversários históricos da política alagoana. Ambos já rivalizaram em várias disputas, inclusive em 2006, quando disputaram o Senado Federal e Lessa acabou derrotado. No entanto, em nome de uma aliança em torno da candidatura da presidenciável Dilma Rousseff (PT), Collor declarou apoio ao pedetista na disputa pelo governo do Estado de Alagoas.
Ronaldo Lessa (PDT) enfrentará Teotonio Vilela Filho (PSDB) no segundo turno. Fernando Collor disputou o primeiro turno, mas ficou na terceira posição na disputa pelo Palácio República dos Palmares. O manifesto assinado pelo PTB que declara apoio a Ronaldo Lessa ainda traz todos os partidos que estiveram “irmanados” na campanha de Collor, como PRB e PMN.
Oficialmente, o documento assinado por Fernando Collor destaca “a certeza de que as agremiações além de fazerem parte da bancada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, possuem conteúdo programático para atender ao povo alagoano”. A resolução do partido do senador petebista ainda cobra fidelidade partidária dos integrantes da legenda.
Collor foi indagado sobre a situação da eleita deputada federal Célia Rocha (PTB), que declarou em uma rádio apoio ao tucano Teotonio Vilela Filho. Fernando Collor disse que “foram divulgadas versões” e não “o fato”. “Em política, costuma-se dizer que o que vale é a versão e não o fato. O que foi divulgado não representa o que ocorreu na entrevista dada por Célia Rocha. Conversei com ela duas vezes e negou que tenha externado voto a A ou B. Ela estava emocionada, quando deu a entrevista. Todos conhecem a Célia Rocha e ela vai seguir o partido”.
O detalhe é que mesmo cobrando fidelidade partidária em Alagoas, o PTB de Fernando Collor – que apoia Dilma Rousseff – marcha com o presidenciável José Serra (PSDB). Quanto à aliança com Ronaldo Lessa, Fernando Collor de Mello frisa: “É com absoluta convicção e com certeza de que estamos no caminho certo que aqui hoje nos encontramos. Nosso caminho não poderia ser diferente a este que aponta para um rumo diferente da coligação que aí está”.
De acordo com Fernando Collor, há pontos coincidentes entre a campanha dele e a de Ronaldo Lessa. “O maior é o fato de pertencermos à base de apoio a Lula, que faz um governo que a todos nos deixa envaidecido”. Fernando Collor disse ainda que Ronaldo Lessa terá seu “total apoio, irrestrito e incondicional”.
Collor somou o percentual de votos que teve no primeiro turno ao de Lessa e disparou: “60% da população rejeita o governo que aí está. Este governo nos deixou os piores índices”. Por fim, fez uma – em suas próprias palavras – “convocação”. “A todos que me confiaram votos, eu convoco para buscarem os votos que puderem para Dilma Rousseff e Ronaldo Lessa”. Ao final ainda brincou com um bordão de sua própria campanha em referência ao número de Lessa, nas urnas: “Buzinou é 12”.
Ronaldo Lessa
O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) aproveitou a coletiva para reafirmar a presença de Lula e Dilma em Alagoas. “Eles virão quantas vezes for preciso”. Lessa diz ainda que as conversas em relação às alianças seguem com o PSOL de Mário Agra e com o PCB de Tony Cloves. Ronaldo Lessa anunciou ainda que já fechou aliança com o PRTB de Jefferson Piones. “Estamos buscando estas forças de oposições para que possamos falar com legitimidade em nome da oposição e deste 60% dos votos que rejeitam o atual governo”.
Absolvido em relação a acusação de “ficha suja”, Ronaldo Lessa segue com a campanha sem riscos de ficar de fora. “É preciso esclarecer que minha candidatura não corre mais riscos. O TSE confirmou minha candidatura e é algo já julgado”, colocou ainda. Ronaldo Lessa direcionou seu discurso as críticas ao governo tucano.
“Falta presença do governo na vida das pessoas. Elas precisam de oportunidades. Estamos tendo a humildade de abrir nosso programa de governo para rediscutir com os que foram candidatos na oposição. A elite econômica deste Estado foi perversa demais com a população”, sentenciou ainda Ronaldo Lessa. No primeiro turno, Lessa afirmou que Fernando Collor pertencia a esta elite. No entanto, nas palavras de presidente do PT e vice de Lessa, Joaquim Brito: “ainda há divergências, mas os objetivos são muito mais fortes”.
Indagado se a aliança se dava apenas em função do nome de Dilma, Lessa disse que não e afirmou que o programa de governo de Collor tem pontos em comum com o deles e citou a criação de uma secretaria para a juventude e direcionada à irrigação. Mas, afirmou que Dilma ser eleita era importantíssimo para ele e para o próprio Fernando Collor. Em seguida, Collor confirmou: “Importante, sem dúvida”. Para Lessa, a aliança com o petebista é a “certeza de que Alagoas será devolvida ao povo”.