Um tribunal da província canadende de Ontário condenou nesta quinta-feira (21) à prisão perpétua a coronel Russell Williams, que, na segunda-feira, admitiu ser culpado de 86 crimes, incluindo dois estupros seguidos de assassinatos, e roubos a casas de dezenas de mulheres.
O caso, que vinha sido mantido em segredo até ser revelado nesta semana, chocou o país. "Estou diante de vocês incrivelmente envergonhado", disse ele ao receber a sentença. "Sei que os crimes que cometi causaram danos a muitas pessoas."
Williams, de 47 anos, só terá direito a pedir liberdade condicional daqui a 25 anos.
O coronel chegou a pilotar o avião que levava o primeiro-ministro do Canadá e também outras personalidades, como a família real britânica durante uma visita ao país. Ele comandava a base aérea mais importante do exército canadense, a de Trenton, a 175 km a leste de Toronto.
Na segunda-feira, ele aceitou as acusações do tribunal de Belleville sem demonstrar nenhuma emoção.
O coronel foi preso em fevereiro suspeito do desaparecimento e da morte de Jessica Lloyd, de 27 anos, ocorrido no final de janeiro em Ontario, onde vivia. Segundo a promotoria, ele filmou parcialmente o crime.
Williams declarou-se culpado por este crime e também pelo assassinato da cabo Marie-France Comeau, de 38 anos, sua subordinada, encontrada morta em casa na mesma região, em novembro de 2009. Desta vez, ele filmou sua ação integralmente, de acordo com a acusação.
As duas gravações foram apresentadas perante o juiz do caso e depois seriam destruídas.
O coronel aceitou as acusações de ter entrado sem permissão nas casas de outras duas mulheres, das quais abusou sexualmente. Também confirmou as acusações de roubos a casas de 82 mulheres.
A polícia encontrou na residência do coronel roupas íntimas de suas vítimas, que ele vestia depois de praticar os crimes.
Em milhares de fotos armazenadas em seu computador, que a Justiça considerou "profundamente perturbadoras", Williams aparece nas casas das suas vítimas vestido com a roupa íntima delas e, em algumas ocasiões, masturbando-se diante da câmera.
Em pelo menos uma ocasião, Williams pegou a lingerie e se fotografou com ela no quarto de uma menina de 12 anos, cuja família era vizinha do coronel e de sua esposa.
O coronel armazenou tantas roupas femininas que várias vezes ficou sem espaço em sua garagem e teve de queimar as vestimentas.
"Queria assumir mais riscos", reconheceu o coronel. Por isso, no final de 2009, Williams passou a estuprar mulheres e, posteriormente, a assassiná-las.
Nos dois ataques sexuais, o coronel entrou na casa das vítimas enquanto elas dormiam, tirou as roupas delas, cobriu suas cabeças com um travesseiro, amarrou-as em cadeiras e as fotografou.
Foto divulgada pelo tribunal mostra o coronel Russell Williams com roupa de vítima. (Foto: AP)Imediatamente depois de Williams confessar sua culpa perante o tribunal de Belleville, o Exército canadense iniciou o procedimento para expulsá-lo.
Williams tentou se suicidar na prisão em abril, iniciando logo depois uma greve de fome.
Antes de ser nomeado chefe do esquadrão 437 de Trenton, há dois anos, ele havia sido comandante de uma base canadense secreta no Oriente Médio utilizada para operações no Afeganistão.