A esperada abstenção no segundo turno das eleições já se verifica nas ruas de Penedo. Antes mesmo do meio-dia, praticamente não havia filas nas seções eleitorais, ao contrário do que ocorreu em 03 de outubro, data do primeiro pleito. A ausência que deve atingir o índice de 30% já é sentida entre ambulantes e vendedores instalados próximos aos locais de votação.
Em frente à Escola Estadual Dr. Alcides Andrade, um dos mais movimentados de Penedo, a tenda armada pelos irmãos Claudinei e Divânio Vieira Lima para o comércio de “espetinhos” tinha vendido apenas cerca de 20 dos 100 churrasquinhos preparados. O número registrado por volta das 11 horas não desanimava Claudinei, que no primeiro turno ainda não tinha o carrinho feito pelo irmão – profissional caldereiro -, equipamento avaliado em cerca de R$ 1.200,00. “Família que trabalha unida, não tem problema, a gente resolve”, justificou Claudinei.
Já em frente ao CAIC, Juliana Barbosa e Rafael Matias revezavam o comando do carrinho com pastel, biscoitos recheados, pirulitos e balas. O casal de amigos que trabalha durante a semana nas imediações do Centro de Diagnóstico, onde fatura cerca de R$ 50, segundo os ambulantes, também trabalhou no primeiro turno das eleições no CAIC. “Da primeira vez, a gente teve um lucro de mais ou menos R$ 150, tirando o que comprou pra vender. Hoje deve dar uns R$ 50”, avaliou Juliana.
Outro ambulante que tentava melhorar as vendas era o vendedor de picolé Caicó – indústria muito citada nessas eleições em Alagoas – Matias dos Santos. No dia 03 de outubro, ele afirma que vendeu 420 picolés, mais do que a capacidade de carga de seu carrinho. Hoje, sua expectativa era de encerrar a jornada de trabalho com a venda de cerca de 250 picolés, média que só alcança aos sábados, dia da maior feira livre da cidade. "Só vendi 90 até agora", declarou por volta do meio-dia. No primeiro turno, no mesmo horário, ele tinha entregue 100 unidades a mais do picolé que custa R$ 0,60.
Mais adiante, na Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto, o funcionário público Gilson Vieira Garcia da Silva aproveitou a circulação de pessoas no maior local de votação de Penedo para aumentar a renda no mês. Com o freezer, cadeira e mesas emprestados por uma revenda de bebidas, ele levou coco, água mineral e refrigerante para vender, repetindo o investimento de menos de um mês passado.
“Eu trouxe a mesma quantidade, 500 cocos, 14 dúzias de garrafa de água e 8 dúzias de copo”, informou Gilson Vieira que faturou cerca de R$ 200 no primeiro turno das eleições. Sem medo da abstenção, ele trabalhava para vender o quanto pudesse até o encerramento da votação, logo mais às 17 horas.