Cansado de esperar pelo poder público para realizar uma cirurgia no ombro que custa em média R$ 20 mil, Adriano Félix Santos Neto, 38 anos, que trabalha como office-boy, entrou em desespero. De acordo com ele, o último socorro é a Defensoria Pública do Estado de Alagoas. Caso não consiga o procedimento cirúrgico por lá, Adriano Félix diz que pretende colocar um dos rins à venda para cobrir as despesas com a cirurgia no ombro.
De acordo com Adriano Félix Santos Neto, ele precisa de um procedimento no ombro esquerdo. Ele narra que está com uma fratura no braço e com um problema que afeta as articulações e os movimentos. “Só consigo dormir em uma única posição e com uma tipoia. Como se não bastasse, a dor é constante e sempre durante todo o dia, nem adianta mais tomar remédios”, coloca.
Adriano Félix diz que já procurou o Ministério Público e a Prefeitura Municipal de Maceió, por meio da Central de Regulação de Serviços da Saúde (Cora), mas não conseguiu viabilizar a cirurgia. “Cheguei a ser atendido por um ortopedista, que explicou como seria o procedimento, mas fui retirado da lista para a operação e recebi a informação de que não se realizaria o procedimento, quando procurei o Cora”, salientou.
Ele afirma ainda que todos os exames que fez até a presente data – e que confirmam a necessidade da cirurgia com urgência – foram feitos ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou retirando do próprio bolso. “Alguns exames foram caros, mas consegui bancar. O que não dá é para pagar a cirurgia. Este recurso eu não tenho. Fui orientado a procurar a Defensoria Pública e pedir ajuda à imprensa. É o que estou fazendo. Caso não dê certo, só me resta vender o rim”, frisou.
Adriano Félix revelou que já tem contato com um possível comprador, residente em outro estado do país. “Ele paga a extração do órgão, todo o procedimento cirúrgico e ainda a minha viagem até o outro estado. Será tudo pago por esta pessoa. Para quem está passando o que eu estou passando é uma alternativa, claro que depois que tudo der errado”, explicou.
Na Defensoria Pública, Adriano Félix foi atendido pelo defensor Othoniel Pinheiro, que explica os procedimentos que serão adotados pelo órgão. Pinheiro confirma que a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Saúde, tem que pagar a cirurgia. “Estudamos o caso, alguns são de responsabilidade do Estado, outros do município. Neste caso, acredito que é do município. Nós tomaremos o procedimento que sempre é adotado nestes casos”.
De acordo com Pinheiro, a Defensoria Pública entrará com uma ação junto a Fazenda Pública Municipal. “As decisões envolvendo casos de Saúde geralmente são rápidas. Ele só precisa trazer toda a documentação. No caso dele falta apenas o laudo especificando o tipo de cirurgia a ser realizada, pois esta informação não constam nos exames. Mas, assim que tivermos o laudo já ingressaremos com a ação”.
Othoniel Pinheiro ainda ressaltou que não há possibilidade legal da venda do rim. “Isto não existe. A cirurgia tem que ser feita. Estou tomando conhecimento do caso hoje e há um procedimento para que consigamos que ele seja submetido à cirurgia”, frisou. Por conta do problema no ombro e da peregrinação para conseguir ser operado, Adriano Félix toma medicamentos antidepressivos e sofre de síndrome do pânico, segundo ele mesmo.