PC atribui à máfia morte de italiano em Alagoas

Ascom PCCosme Alves da Silva, 42

Cosme Alves da Silva, 42

O assassinato do italiano Roberto Puppo, 42 anos, ocorrido na noite de 26 de novembro, às margens da rodovia BR-424, próximo ao Pólo Cloroquímico, em Marechal Deodoro, foi contratado por outro italiano – Fabio Bertola, suspeito de pertencer a uma organização criminosa internacional e que seria sócio da vítima em negócios na Itália.

As investigações, realizadas pela Delegacia Geral da Polícia Civil de Alagoas e pela Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), concluíram que Bertola planejou a execução do sócio, e esteve em Maceió entre os dias 24 e 31 de outubro para definir os detalhes da trama.

Durante esse período, o italiano fez contato com a mulher, Vanúbia Soares da Silva, 30 anos, com quem mantinha um relacionamento amoroso há cinco anos, pagando R$ 2 mil para que ela providenciasse a execução de Puppo.

Conforme foi apurado, Vanúbia contratou o segurança de eventos Cosme Alves da Silva, 42, para que este concretizasse o plano. Cosme, no entanto, preferiu chamar o adolescente J.M.V.S., de 17 anos, a fim de o mesmo matasse o italiano.

A polícia descobriu que a relação de Cosme com Vanúbia existia pelo fato do irmão dela, Paulo da Silva, atuar em práticas criminosas junto com o segurança de eventos. Ele seria o chefe do tráfico na região do Conjunto Joaquim Leão, no bairro do Vergel do Lago. Paulo foi, inclusive, um dos matadores do empresário e dono de churrascaria conhecido por “Bigode”.

Em depoimento prestado esta semana, a mulher confirmou que na noite do crime apanhou o adolescente, no Joaquim Leão, e junto com o motorista se dirigiram até a praia de Jatiúca para encontrar com o italiano. De lá, todos rumaram em direção a Marechal Deodoro, entrando na rodovia BR-424, à altura do posto da Polícia Rodoviária Estadual.

Após rodarem alguns quilômetros por aquela estrada, o motorista simulou que havia problemas no pneu dianteiro, descendo do carro e abrindo o porta-malas.

O adolescente, também ouvido pela polícia, conta que foi o segundo a descer do veículo e que já havia recebido a arma do crime, das mãos de Vanúbia. Após descer do carro, ela teria pedido ao italiano que saísse para ajudar. Foi nesse momento que J.M.V.S. sacou a arma – um revólver, calibre 38 – e efetuou quatro disparos contra a vítima – o primeiro nas costas, um na cabeça e outros dois quando Puppo já estava caído.

Vanúbia relata que a motivação do crime seriam “probleminhas” havidos entre Fábio e a vítima, na cidade de Bergamo, na Itália, onde ambos tinham negócios em sociedade. Ela disse que conheceu Fábio, há cinco anos, na cidade de Natal (RN), e desde então passaram a ter um relacionamento amoroso, chegado a passar cerca de 40 dias em sua casa, na Itália, junto com familiares do italiano.

Segundo ela, Fábio não aparecia em Maceió há cerca de dois anos, mas lhe enviava mensalmente entre R$ 800 e R$ 1 mil. Em sua última vinda à capital alagoana, em outubro, Fábio lhe teria contado que havia entrado para uma “grande família” e que gostaria que ela fosse o “braço direito” dessa família em Alagoas, o que lhe possibilitaria uma grande ascensão econômica.

Vanúbia diz que Fábio ficou irritado quando ela lhe perguntou se essa família era a “máfia”, mas lhe presenteou com um amuleto em forma de dragão, idêntico a uma tatuagem que ele tem no braço. O amuleto em forma de dragão, segundo a polícia, é símbolo da chamada “máfia chinesa”. Ela afirma ter visto vários outros amuletos na pasta do italiano.

A mulher, acusada de intermediar a morte de Puppo, afirma ainda que Fábio lhe disse que a “grande família” da Itália estava pronta para se instalar em Alagoas, no próximo mês de janeiro, momento em que ela seria “batizada”, inclusive passando a ter também a tatuagem do dragão no corpo, passando assim a fazer parte dessa “família” e comandar vários negócios ilícitos no Estado. Para que isso se concretizasse, conforme Vanúbia, ela teria que intermediar o assassinato de quatro pessoas – a primeira delas, exatamente, foi a execução de Puppo.

Para o delegado-geral da PC, Marcílio Barenco, a morte de Roberto Puppo está completamente esclarecida. Ele afirma que todas as providências referentes às atribuições da Polícia Civil alagoana já foram tomadas, inclusive um pedido de prisão preventiva do italiano, junto à 17ª Vara Criminal.

Barenco informou que enviará ofícios à Polícia Federal, ao Itamarati e à Embaixada italiana no Brasil, no sentido de que, após a decretação da prisão, Fábio Bertola seja colocado no rol dos procurados pela Interpol (Polícia Internacional). Ele também solicitou ao consulado italiano o envio de um adido policial da Itália para a troca de informações sobre as atividades de italianos da suposta “máfia” internacional em território brasileiro e alagoano.

A Polícia Civil alagoana solicitou também que a polícia paulista investigue as atividades de Fábio Bertola, em São Paulo, onde ele tem negócios.

Para Barenco, o esclarecimento da morte de Roberto Puppo acabou impedindo a instalação de uma “família mafiosa” em território alagoano, como também que três outros assassinatos fossem praticados.

“Todas essas descobertas podem ser a ponta do iceberg para a desarticulação de uma grande organização criminosa internacional, cabendo agora as autoridades brasileiras (da esfera federal) e italianas prosseguirem com as investigações”.

Barenco destacou ainda que este é o segundo caso de morte de italianos que é resolvido em sua gestão. O primeiro deles foi a do jovem Nicholas Pignataro, encontrado morto na Barra de São Miguel, e que foi executado por traficantes – todos eles presos.

Fonte: Polícia Civil de Alagoas

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