Estava previsto para sexta-feira, mas o principal suspeito na morte do músico Antônio Jorge Gomes da Silva, de 41 anos, antecipou a apresentação e prestou depoimento na noite de ontem, dia 22, a delegada que investiga o brutal assassinato, Maria Aparecida. Jackson Willams Felix Gomes da Silva, 18 anos, confessou ter matado o próprio pai e enterrado na área externa da casa.
O jovem chegou à delegacia acompanhado de uma tia e do advogado. Apresentando frieza, o assassino confesso alegou que matou o pai porque não aguentava mais a violência promovida por ele. Antônio Gomes seria muito rígido na educação do filho e, segundo o acusado, batia muito no filho.
Segundo a delegada, Jackson afirmou ter matado o pai na noite do dia 11 de fevereiro. Ele alegou ter efetuado dois disparos de arma de fogo após uma discussão, que teria iniciado com o não retorno do filho para casa na hora imposta pelo pai. O jovem alegou ainda que não chegou a esquartejar o músico. “Ele disse que apenas dobrou as pernas do pai para caber no lençol e enterrá-lo”, destacou a delegada.
A ocultação do cadáver, segundo o assassino confesso, aconteceu entre a noite do dia 11 e a madrugada do dia 12 de fevereiro. Jackson alegou ter realizado o trabalho sozinho. O corpo teria sido enterrado em uma vala já aberta na área externa da casa, devido a obra de reforma realizada por ele e seu pai.
“Ele [Jackson] narrou como o pai costumava agredi-lo. Ele comentou que muitas vezes chegava a apanhar porque durante a obra de reforma da casa – onde ele trabalhava de servente de pedreiro do pai – não teria feito a massa corretamente e o pai gritava com ele, jogava o material contra o filho”, completou Maria Aparecida.
No depoimento, Jackson apontou que no dia do crime tinha ido até a casa da mãe com a permissão do pai. Como não retornou na hora prevista, o pai teria ido buscá-lo. Ele disse ainda que o pai gritou com ele na frente dos amigos e chegou a esmurrá-lo no caminho para casa. Durante o banho, o pai teria novamente gritado com ele, desta vez pela demora no banho, e como achou que ‘apanharia’ chegou a agredir Antônio Jorge com um soco.
“Ele disse que chegou a ir pedir desculpas ao pai, mas eles teriam iniciado nova discussão. Foi quando ele alega que pegou a arma e efetuou dois tiros contra o pai”, disse a delegada.
Quanto a arma do crime, Jackson disse que pertencia ao pai. “O crime choca não apenas pela brutalidade, mas também pelo fato do jovem ser tido pelo amigos e parentes como ‘bom garoto’. Ele não é usuário de drogas, nem de bebidas alcoólicas. É estudioso, tinha acabado de terminar o 2º grau e queria entrar para a faculdade de direito”, enfatizou a delegada.
Por não haver mandado de prisão contra o jovem, Jackson prestou depoimento, foi indiciado e liberado. Ele chegou ainda a ser abordado – após o depoimento – por uma guarnição do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) nas imediações do Estádio Rei Pelé, mas também foi liberado.
A polícia aguarda agora a decretação da prisão do jovem, prevista para acontecer nesta quinta-feira, 23. O pedido de prisão foi encaminhado na manhã de ontem pela delegada.
Caso
O corpo do músico Antônio Jorge foi encontrado na última terça-feira, dia 22, após mais de 40 dias desaparecido, enterrado na área externa da casa onde morava com o filho, no bairro do Trapiche.
Antônio foi assassinado e enterrado em uma cova rasa. Em seguida, o assassino usou concreto no espaço para não levantar suspeita. Segundo um irmão do músico, Antônio foi esquartejado antes de ser enterrado. O laudo para comprovação do fato ainda não foi divulgado.
Devido ao adiantado estado de decomposição, o corpo do músico continua no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, onde aguarda comprovação de identidade. Parentes tentam reconhecimento através da arcada dentária da vítima.
atualizado às 10h30.