Os vereadores de Maceió voltaram a usar a tribuna – na manhã desta quinta-feira, dia 5 – para criticar o problema da saúde pública no Estado e no município. O principal alvo dos discursos foi a situação “caótica” – conforme o pastor João Luiz (Democratas) – do Hospital Geral do Estado.
João Luiz destacou a falta de leitos nos hospitais públicos e “o descaso com a situação do principal hospital de Maceió”. De acordo com ele, a situação é gritante. “Houve caso em que o hospital não encontrou a ficha de um paciente que foi transferido do HGE para a cidade de Coruripe”, destacou ainda.
Ele frisou que o governo tem investido em propaganda, mas “não condiz com a situação em que se encontra a saúde pública”. “Ninguém mais pode ficar doente no HGE. Alguém desse governo tem que vir a público se pronunciar sobre o problema. O Ministério Público precisa intervir na situação”.
Conforme João Luiz, a situação do HGE tem feito com que o governo do Estado de Alagoas perca a credibilidade. “Isto pode ser visto na arrecadação de donativos. A população não vai doar, porque não tem credibilidade”.
O presidente do Legislativo municipal, Galba Novaes (PRB), aproveitou o discurso do colega para salientar que não é só a rede pública. Novaes atacou os planos de saúde. "O plano de saúde hoje é um INPS [Instituto de Previdência Social] de antigamente. As pessoas pagam caro e ainda assim, em alguns casos, não recebem o atendimento adequado. São muitos os vereadores que realizam trabalhos sociais na periferia, substituindo o Estado, porque se sentem impotentes ao verem nada ser feito pelo governo. Com isso, eles acabam se desviando da função de parlamentar, o que muitas vezes é confundido com o suposto assistencialismo. Longe disso, trata-se de uma caridade necessária, cobrada pelo povo", disse.
O discurso foi ainda aparteado por Heloísa Helena (PSOL), que no uso da tribuna criticou a “irresponsabilidade, incompetência e insensibilidade dos gestores públicos”, em sua visão. “Eu sou da área de planejamento de serviços da saúde e sei que o problema não é falta de legislação. Parece não haver planejamento no HGE. Falta até lençol. Quando existe é porque o povo leva de casa. As pessoas estão mergulhadas em fezes e urina, sem qualquer privacidade", afirmou a vereadora, que insinua ainda a distribuição de propina envolvendo os prestadores do serviço.
O vereador Théo Fortes (PTdoB) concordou com a edil do PSOL e ainda emendou. "O que falta de fato é administração, porque não se admite, por exemplo, que uma paciente seja transferida para município do interior quando esta ainda necessitaria de atendimento especializado”.
João Luiz fechou a discussão de forma irônica afirmando que vai mandar confeccionar adesivos com a frase: “Quer morrer? Se interne no HGE” e distribuir pela cidade. “Afinal, o cidadão lá adentra com uma simples doença e sai com outra pior, contagiosa", encerrou.