A “frente suprapartidária” de discussão da reforma política que se formou em Alagoas para evitar a extinção dos partidos ditos pequenos em função de alguns pontos da própria reforma como a cláusula de barreira se reuniu pela segunda vez em Maceió, desta vez na Câmara Municipal da capital alagoana. O objetivo é criar uma frente nacional para aprofundar os pontos convergentes entre os partidos.
A novidade do encontro é a vinda de lideranças nacionais – os deputados federais Aldo Rebelo (PCdoB), Raul Jungmann (PPS) e o ex-deputado José Carlos Saboya (PSB) – além da ampliação do leque partidário, que agora engloba PDT, PHS, PSOL, PCdoB, PSB, PSTU, PCB, PRTB, PV e PPS.
Um dos principais organizadores da frente é o presidente nacional do PSOL, Mário Agra, que destaca que – mesmo diante das divergências internas entre os próprios partidos – é necessário o debate em busca de pontos convergentes para garantir os espaços das siglas de esquerda no país.
“O encontro é importante para possibilitar nascer uma frente nacional a partir de Maceió, para que esta discussão seja travada e se cobre uma reforma que seja política e não meramente eleitoreira”, colocou ainda.
Mário Agra destaca que é o “ponta pé inicial de uma articulação de um movimento nacional”. O presidente estadual do PSOL salienta ainda a importância da discussão sobre cláusula de barreira e o financiamento público de campanha.
O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) – que também integra a frente – ressalta a importância do fortalecimento do grupo. Kátia Born (PSB) salienta que se o grupo conseguir chegar a pontos convergentes é importante, pois a posição colocada pelos partidos podem atingir cerca de 100 parlamentares, que é a soma dos membros das siglas que possuem mandato.
Aldo Rebelo
O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) frisa que “a reforma política é uma encruzilhada entre a democratização e a restrição. Uns partidos querem ampliar, que são estes que fazem parte deste grupo, e promover a democracia. Outros, querem restringir. Os partidos de esquerda querem que este processo seja o mais amplo possível. É preciso que tenhamos uma ideia mais próxima do que vem nesta reforma política para termos uma estratégia adequada”.
“Esta reforma não amplia os horizontes democráticos do país. Não é este o movimento que está em curso”, salientou Aldo Rebelo. Ele salienta que falta fronteira ideológica e visa consolidar os grandes partidos. “Isto é um absurdo. Como é absurda esta cláusula de barreira, que já indica o sentido restritivo e antidemocrático de quem propõe isto”, salientou ainda o parlamentar do PCdoB.
Raul Jungmann
O deputado federal Raul Jungmann salientou que o modelo político atual está esgotado. “O debate da reforma política é crucial para recuperar a legitimidade. Daí a importância deste debate. Eu acredito que daqui de Maceió possamos buscar um movimento nacional. Torço por um grupo neste sentido. A reforma é essencial para recuperar a credibilidade da população em relação aos políticos. Este tem que ser o principal ponto”, frisou Jungmann.
De acordo com ele, o principal problema do atual modelo é a “baixa representatividade efetiva na população nas casas legislativas”. Por isto, o deputado federal do PPS pensa em discussão da necessidade do financiamento público, para evitar abusos econômicos.
“Outro ponto é o baixo controle do eleitor sobre o seu representante. Eu acho que o voto distrital é uma saída e possibilita maior controle. Queremos possibilitar a candidatura avulsa, pois apenas 9% do eleitorado está filiado a partidos. Eu acho que é uma forma de oxigenar o processo, não permitindo o monopólio das agremiações”. Raul Jungmann também falou sobre a possibilidade de acabar com a suplência no Senado Federal.