Chuva com sabor de título paulista. É o que levaram os santistas neste domingo de vitória por 2 a 1 sobre o Corinthians, na Vila Belmiro, com gols de Arouca e Neymar. Logo o volante santista, que nunca havia marcado, é que abriu o marcador, ampliado por Neymar em outra tarde inspiradíssima. Assim, a galeria de conquistas estaduais do Santos já tem seu 19º troféu, o segundo conquistado em dois anos.
Apesar do placar sem gols no Pacaembu, Muricy Ramalho e Tite praticamente não mudaram as formações de suas equipes para a medição final de forças do Campeonato Paulista agendada para a Vila Belmiro. Desfalques só do lado santista, que se viu fragilizado pela suspensão do volante Danilo e pela lesão de Paulo Henrique Ganso, seu jogador mais cerebral.
O meio de semana do Santos ainda incluiu uma viagem à Colômbia, onde na última quarta-feira um gol de Alan Patrick assegurou vantagem na disputa por um lugar na semifinal da Copa Libertadores diante do Once Caldas. Desgastados, os santistas jogaram com mais inteligência e força na chegada ao ataque ao longo da primeira etapa na Vila.
Tite repetiu os titulares do Pacaembu, apenas recolocando Alessandro, suspenso há uma semana, na lateral direita. Ele jogou ao lado de Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos no competente sistema defensivo corintiano, protegido por Paulinho à direita e Ralf pela esquerda. Dúvida do lado paulistano, Dentinho seguiu puxando a linha de armadores titulares, com Bruno César centralizado e Jorge Henrique pela esquerda. Liedson fez como sempre a função de camisa 9.
Muricy Ramalho também preservou o sistema de jogo habitual dos santistas desde sua chegada no início de abril. Jonathan e Léo foram os laterais, mais marcadores que apoiadores. Edu Dracena e Durval completaram a primeira linha. Adriano foi o volante mais defensivo, incumbido de marcar Bruno César. Elano, pela direita, Arouca, à esquerda, e Alan Patrick, à frente, fecharam o meio. Neymar novamente teve a companhia de Zé Eduardo.
Em 45 minutos, o Santos desperdiçou a chance de praticamente liquidar os corintianos na Vila Belmiro. Com 15min, já eram três as ocasiões de gol claras para o time da casa. Neymar, aos 6min, cabeceou por cima bom cruzamento de Zé Eduardo. Em seguida, foi Léo que recebeu de Arouca entre Chicão e Alessandro, mas bateu por cima. Depois, Zé Eduardo converteu diante de Julio Cesar, mas estava impedido.
Enquanto o Corinthians tocava a bola e tentava investir, o Santos recuperava e tinha mais qualidade para chegar ao gol. Foi o que aconteceu aos 16min, quando um lançamento de Léo desviou na defesa e morreu nos pés de Zé Eduardo, livre na ponta esquerda. Com precisão, ele tocou para trás e Arouca só cumprimentou. Em seu jogo de número 66 como jogador santista, o volante marcou pela primeira vez.
Iluminado, Arouca quase também fez o segundo, já aos 33min. Com o jogo truncado, ele apareceu na entrada da área após sobra de escanteio e acertou a trave de Julio Cesar. Àquela altura, o domínio santista era constrangedor para os cerca de 700 torcedores corintianos localizados na Vila Belmiro.
Nos instantes finais da etapa inicial, se ampliou o domínio do Santos, com Zé Eduardo batendo para fora após receber bom lançamento em profundidade com 39min. Segundos depois, Neymar abençoou Alan Patrick com um passe genial, como havia feito na Colômbia. O substituto de Ganso, dessa vez, bateu por cima.
A única ocasião realmente clara para o Corinthians pintou com 41min. Do centro, Chicão cobrou falta venenosa e Jorge Henrique, pequenino e livre, só raspou – a bola passou a centímetros do gol de Rafael. Neymar, em seguida, desperdiçou a chance mais evidente. Livríssimo, teve tempo de pensar e até fez firulas. Competente, Julio Cesar defendeu.
Dentinho talvez foi quem mais simbolizou a falta de agressividade do Corinthians na primeira etapa. Por conta disso, não voltou do intervalo, e Tite apostou em seu amuleto da sorte, Willian. O homem dos gols decisivos nas quartas de final, contra o Oeste, e semifinal, diante do Palmeiras, saiu do banco para tentar salvar os corintianos desde o reinício da partida.
Mas foi ainda o Santos, como no primeiro tempo, quem ameaçou primeiro. Com 4min, Elano cobrou escanteio venenoso na cabeça de Durval, que desviou bem – no pé da trave, e também impedido, Alan Patrick empurrou para dentro, mas a jogada foi invalidada.
Apesar do lance agudo, seria o Corinthians a equipe a se lançar de verdade para o ataque. Com 15min, Willian buscou o gol de fora da área em finalização fortíssima que Rafael alvejou. De verdade, foi a única chance clara dos corintianos durante mais da metade do segundo tempo. Assim, queimou seus últimos dois cartuchos: Ramírez e Morais saíram do banco para tentar criar mais nos lugares de Paulinho e Bruno César.
Com 26min, o Corinthians trocou passes no cerco da grande área santista, mas desta vez conseguiu finalizar. Fábio Santos rolou para Ramírez, que mesmo de frente para o gol, do grande círculo, chutou muito distante.
O Corinthians até martelou, mas foi o Santos que conseguiu seu gol. Aos 38min, Neymar encaminhou o bicampeonato paulista e ratificou sua condição de grande craque do Santos. Pelo lado esquerdo da grande área, chutou seco no chão e Julio Cesar, desatento, deixou a bola passar.
O Corinthians respondeu imediatamente e continuou vivo na partida. Jorge Henrique jogou na área, Morais desviou e Rafael falhou, deixando passar e pondo fim a uma sequência de 8 jogos e mais alguns minutos sem sofrer gol