Ex-coronel Cavalcante é absolvido no homicídio do cabo Gonçalves

A decisão do Júri, que absolveu também o irmão do ex-coronel, Marcos Cavalcante, foi lida na tarde desta terça-feira, 25, no Fórum do Barro Duro.

O ex-coronel Manoel Cavalcante foi absolvido da acusação de co-autoria do homicídio do cabo da Polícia Militar José Gonçalves da Silva Filho, o cabo Gonçalves, ocorrido em 1996, em um posto de combustíveis na Via Expressa.

A decisão do Júri, que absolveu também o irmão do ex-coronel, Marcos Cavalcante, foi lida na tarde desta terça-feira, 25, no Fórum do Barro Duro e pode ter sido influenciada pelo fato de Cavalcante ter colaborado com as investigações, inclusive denunciando os nomes dos supostos mandantes.

Durante o seu depoimento, nesta manhã, Cavalcante negou ter participado do assassinato e confirmou seus depoimentos anteriores, onde acusou os deputados estaduais João Beltrão e Antônio Albuquerque e o ex-deputado federal Francisco Tenório de participação no crime.

Em seu depoimento, o ex-coronel Cavalcante pediu perdão por ter participado da reunião onde o crime foi planejado e disse que, após 14 anos preso, agora queria cuidar da sua família.

Segundo ele, João Beltrão e Francisco Tenório estavam presentes na reunião ocorrida na casa do ex-tenente José Luiz da Silva Filho. Ainda de acordo com o réu, uma reunião anterior, intermediada por Antonio Albuquerque, já teria ocorrido na fazenda do parlamentar, em Limoeiro de Anadia.

O ex-coronel reafirmou que não estava presente no dia da morte do cabo Gonçalves e revelou que os assassinos eram todos militares e as armas utilizadas no crime pertenceriam aos deputados.

Um dos momentos mais chocantes do depoimento foi quando o ex-coronel afirmou que o deputado João Beltrão teria assistido a execução, “pois gostava de presenciar e aquele não era o primeiro crime que ele esteve presente”. Cavalcante disse também que, após o homicídio, houve uma “reunião de comemoração” entre os mandantes.

Cavalcante concluiu seu depoimento voltando a pedir perdão “por estar contribuindo com a sociedade, mesmo sabendo que corre o risco de morrer".
Já Marcos Cavalcante confessou que só foi ao posto de combustíveis onde a vítima foi assassinada por achar que se tratava da efetuação de uma prisão.

O julgamento

No decorrer do seu depoimento, a irmã do cabo Gonçalves, Ana Maria Pereira Valença disse que perdoava o ex-coronel, mas não esquecia o fato de ele ter entrado na casa dela e agredido seus familiares, no dia do velório do cabo. Segundo a testemunha, na ocasião, o ex-coronel Cavalcante disse a ela que não matou Gonçalves.

Em sua fala, o promotor Flávio Costa disse que o julgamento era histórico para o Estado e mostrou sua indignação: “Todos os envolvidos neste crime eram parlamentares e militares, isto é uma vergonha para Alagoas", afirmou.

Já o advogado de defesa João Uchôa falou do direito de Cavalcante ao Perdão Judicial e argumentou que o ex- coronel não teve como sair da situação: "Se ele tivesse falado algo antes talvez nem tivesse cumprido metade de sua pena, pois já estaria morto", afirmou, acrescentando: "Ele não é culpado, pois não executou o crime. Peço clemência para o Manoel Francisco Cavalcante e que busquem os verdadeiros culpados".

Em sua fala, o advogado de defesa de Marcos Cavalcante, Sílvio Arruda questionou os jurados: “Quem de vocês seriam capaz de denunciar João Beltrão ou Francisco Tenório? Espero que vocês pensem na coragem que eles tiveram em denunciar os mandantes deste crime”.

Fonte: Com Sessão Pública

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