Foi a última partida do Santos no Pacaembu antes da disputa do Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro, no Japão. E por pouco não se tornou um fiasco. O Peixe perdia para o Atlético-GO até os 50 minutos do segundo tempo, quando o maestro Ganso tirou um coelho da cartola, ao acertar com estilo um chute improvável, em meio a três defensores. O empate por 1 a 1 pouco acrescenta ao Santos, que já não tem aspirações no Brasileiro e só voltará a usar os titulares contra o Bahia, também em casa. E não livra o Atlético-GO do risco de rebaixamento.
O jogo não foi um espetáculo, mas o gol de Ganso nos acréscimos se tornou um alento para os 18.044 pagantes (renda de R$ 359.795) que foram ao Pacaembu e viram o Atlético-GO se segurar na defesa por mais de 90 minutos, principalmente depois de ter aberto o placar em gol de Leonardo, de cabeça, ainda no primeiro tempo.
Neymar, advertido com o terceiro cartão amarelo e suspenso da próxima rodada, não deixou de ser o centro das atenções. Em especial dos adversários, que cometeram nove faltas nele. Em uma delas, Agenor foi punido com o cartão vermelho. Fora isso, o atacante exagerou no individualismo e desperdiçou boas chances de marcar.
No próximo domingo, pela 36ª rodada do Brasileirão, o Santos encara o Coritiba, às 19h, no estádio Couto Pereira, na capital paranaense. Já o Atlético-GO, que joga às 17h, recebe o Flamengo, em Goiânia. O Peixe ainda tem pela frente Bahia (casa) e o São Paulo (fora). O Dragão tem Grêmio (fora) e América-MG (casa). O Dragão é o 12º com 43 pontos. O Peixe permanece em nono, com 52.
Bola parada faz jogo correr
Neymar recebe a bola e tenta o chute de longe. Neymar ganha do adversário na corrida, parte em direção à grande área e perde a bola. Neymar (de novo!) arrisca jogada individual pela esquerda e não consegue chutar. Principal estrela da partida, o atacante só conseguiu levar perigo mesmo nas cobranças de falta.
Foram duas batidas pelo craque do Santos no primeiro tempo. E as duas passaram muito perto do gol de Márcio. As bolas paradas, aliás, foram as principais armas do Peixe na etapa inicial. Se não conseguia chegar nas jogadas trabalhadas, nas faltas o perigo foi real. Além de Neymar, Danilo assustou e Ganso acertou o travessão.
Por falar no maestro santista, ele bem que tentou centralizar o jogo. Mas a maioria das bolas parava em Neymar. Aos 30 minutos, então, Ganso resolveu impor sua presença. Chamou alguns companheiros e pediu para que lhe acionassem mais. E no minuto seguinte a melhor jogada do Peixe foi construída.
Ganso rolou para Borges dar de calcanhar para Neymar. A craque, no entanto, estava impedido. Totalmente coadjuvante no jogo até então, o Atlético-GO resolveu aparecer. E foi preciso em seu propósito. Em sua melhor chance, abriu o placar. Aos 36 minutos, Bida bateu falta para área e Leonardo fez de cabeça.
O Santos tentou mostrar que não se abateu com o gol e foi em busca de uma rápida reação, mas a empolgação do Dragão impediu algo mais concreto. A nota triste no fim do primeiro tempo foi uma lesão no tornozelo do volante santista Adriano, que deixou o gramado para a entrada de Alan Kardec nos acréscimos.
A fome de Neymar
A postura do Santos no início do segundo tempo foi tão diferente da do primeiro tempo que o time de Muricy Ramalho precisou de apenas dois minutos para criar mais perigo do que nos 48 minutos anteriores. Logo no primeiro minuto, após cruzamento de Danilo, Edu Dracena obrigou Márcio a excelente defesa.
No lance seguinte, depois de cobrança de escanteio de Neymar, a bola sobrou para Borges. Da pequena área, porém, o artilheiro não conseguiu completar. Aos poucos, o Peixe sufocou o Atlético-GO no campo de defesa. Foi assim também em boa parte da etapa inicial, mas sem a mesma intensidade.
Na ansiedade de querer logo marcar o gol de empate, os jogadores do Peixe eram presas fáceis para a defesa do Dragão. Se não fosse no desarme, ela ganhava a bola por erro do adversário. O problema é que, com ela nos pés, os visitantes mal conseguiam passar da linha do meio de campo.
Aos 17 minutos, por falta em Neymar, que tinha arrancado bem ao seu estilo para o ataque, Agenor recebeu o cartão vermelho. Na cobrança, o próprio camisa 11 tentou. Mas mandou por cima do gol. Faltava pontaria ao craque santista. Não faltava, porém, habilidade e velocidade. Ele deu trabalho aos atletas do Dragão.
Neymar, aliás, falhou por querer resolver sozinho. Sempre que tinha a bola, partia para cima sem tocar, fosse contra um, dois, três… Sem as boas jogadas criadas no início da etapa, o Santos voltou a depender da bola parada. E acabou achando um gol no fim: após um bate-rebate na área, a bola sobrou para Ganso, que ajeitou e, em meio a três defensores, virou com estilo e mandou sem chance de defesa para o goleiro Márcio.