O Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, receberá hoje o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico de drogas da Rocinha, favela da Zona Sul carioca. A transferência foi autorizada pela Justiça Federal, a pedido do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Esta semana, o presidente do tribunal, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, indicou a importância da saída do traficante do estado: “Ele (Nem) não pode ficar aqui exatamente por ser o chefe máximo da facção”.
A transferência, requisitada inicialmente pelo secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, já havia sido reforçada pelo governador Sérgio Cabral e garantida pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Preso na madrugada do último dia 10 ao tentar fugir da Rocinha, Nem é apontado em 10 processos que tramitam na Justiça. Os comparsas dele — Anderson Rosa Mendonça, o Coelho; Valquia Garcia dos Santos, o Carré; e Flávio Melo dos Santos — também serão levados para fora do estado.
A PF vai instaurar inquérito para investigar a suposta prática de formação de quadrilha e de lavagem de dinheiro por parte de policiais civis e advogados envolvidos na prisão do traficante. Policiais tentaram impedir que Nem fosse levado à PF após ele ser descoberto dentro do porta-malas de um carro. Queriam levar o bandido para a 15ª Delegacia de Polícia, na Gávea. Serão investigados o delegado da 82ª DP (Maricá), Roberto Gomes Nunes, o inspetor Mussi, da mesma delegacia, e o inspetor Figueiredo, da Subchefia Operacional da Polícia Civil.
O Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio também suspendeu preventivamente, na última quinta-feira, os três advogados flagrados levando o traficante. Os 60 integrantes do tribunal foram unânimes na decisão, que impede o exercício da profissão pelo prazo de 90 dias. A punição aos advogados, que estão sendo submetidos a um processo disciplinar pelo conselho pleno da entidade, pode chegar à expulsão dos quadros da entidade.
Incursões
Equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) continuam fazendo incursões na Rocinha para tentar localizar armas e drogas. Ontem, foram encontrados um fuzil AK47 com dois carregadores e 3.500 projéteis para armas de diversos calibres. Segundo a Secretaria de Segurança, entre 1º e 17 de novembro, as policias Civil e Militar recolheram 133 armas de fogo na Rocinha, no Vidigal e na Chácara do Céu. Ainda ontem, a Secretaria Municipal de Saúde e a Defesa Civil do Rio de Janeiro promoveram ações de combate à dengue nas três comunidades, ocupadas há quase uma semana pelas forças de segurança pública. Hoje, Dia Nacional de Combate à Dengue, a prefeitura deverá promover nas favelas um grande mutirão de prestação de serviços, como cadastro de famílias em programas sociais e atividades recreativas.