A pré-adolescente J.S.S., de 10 anos, foi a segunda paciente a receber um implante coclear na Santa Casa de Maceió e em Alagoas. O procedimento foi realizado pelos médicos Artur Castilho, da Universidade de Campinas (Unicamp), e Daniel Buarque, da Santa Casa de Maceió, com a participação do coordenador do Serviço de Otorrinolaringologia, Marcos Melo.
Conhecido também como "ouvido biônico", o implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral.
Conforme enfatizou Daniel Buarque, a Santa Casa de Maceió já iniciou o processo de credenciamento junto ao Ministério da Saúde para realizar o procedimento via Sistema Único de Saúde (SUS). Os dois primeiros implantes realizados em Alagoas foram custeados por planos de saúde. Em outros estados do País o SUS já cobre este tipo de intervenção.
A literatura médica revela que 0,3% da população brasileira nasce com algum grau de surdez, o que representaria 700 mil pessoas. Segundo o especialista Artur Castilho, o número de implantes realizados no País não condiz com a demanda. "No Brasil, contabilizamos cerca de 1.000 implantes/ano, quando o ideal seria algo próximo a 6 mil", alertou Castilho.
A garota J.S.S., beneficiada com a tecnologia do implante coclear, possui perda auditiva severa desde nascença. "O ideal seria que a paciente tivesse recebido o implante nos primeiros anos de vida, antes de iniciada a fase de aprendizado da fala. Agora, após o implante, ela precisará do acompanhamento de um fonoaudiólogo para vivenciar esta nova realidade e trilhar um longo caminho até começar a falar", disse Castilho.
Após concluída a intervenção cirúrgica, os médicos aguardarão cerca de 30 dias para ligar o aparelho. Como se trata de um circuito eletrônico, o usuário de implante coclear deve evitar a aproximação direta com monitores de televisão, computadores e forno de microondas em funcionamento.
Ao aproximar-se de sistemas de vigilância de lojas ou durante pousos e decolagens de avião é recomendável desligar o equipamento. Em bancos, o portador do implante deve apresentar a documentação entregue após a cirurgia.