Há 103 anos do evento que fechou os templos de religiões de matriz africana em Alagoas, conhecido como "Quebra de Xangô", os adeptos do Umbanda e Candomblé se reuniram na tarde desta segunda-feira, 02, para rememorar e nomear os responsáveis pelo que é considerado o maior ato de intolerância religiosa do Estado.
O Quebra de Xangô ocorreu em 1º de fevereiro de 1912 e é conhecido popularmente como o ‘Quebra’. De acordo com o babalorixá Pai Célio, o episódio teria sido marcado por um ato político para se tentar derrubar o então candidato ao governador do Estado.
“Eu tenho vergonha de andar pela principal avenida do Estado e ela ser em homenagem ao responsável por essa atrocidade, infelizmente, Fernandes Lima foi o responsável pelo fechamento dos terreiros e, inclusive, pela morte de Tia Marcelina”, destacou pai Célio.
Ainda de acordo com Pai Célio, as ordens para a execução do Quebra teriam saído do Palácio do Governo, e, esse seria o motivo para que os adeptos das religiões de matriz africana saem todos os anos em cortejo para a praça. “Para que desta forma não ocorra novamente, pois o então o senhor Fernandes Lima achou que conseguiria nos silenciar”, destacou.
O cortejo se reuniu na Praça Dom Pedro II, em seguida saiu ao som dos afoxés e maracatus pela Rua do Sol, parando no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGA), logo após pararam e realizaram atos na Praça dos Martírios.
“Celebramos e celebramos alto. Acreditamos que desta forma iremos fazer valer a constituição que diz que o Estado é laico, mas infelizmente é dirigido por pessoas da religião judaico/cristã”, finalizou Célio.