Nesta segunda-feira, 2, será realizada a eleição que vai definir quem serão os novos presidentes da Câmara e do Senado Federal. A disputa política deste ano é ainda maior do que em outros tempos, não só pelo total de verbas e de cargos envolvidos nisso, mas principalmente pela proximidade que tem com 2010, ano de eleições presidenciais.
Por causa disso, dependendo do resultado em uma das duas Casas, alguns parlamentares não descartam a possibilidade de ser feita até uma espécie de reforma ministerial com o objetivo de afagar o PMDB, partido visto como primordial para que o presidente Lula consiga eleger seu sucessor, no caso, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.
Como o PT – com a candidatura de Dilma – e o PSDB – com a possível candidatura de José Serra – precisam do apoio do PMDB, muitos avaliam que Lula pode vir a negociar qualquer tipo de cargo (até um ministério) para garantir essa aliança caso os peemedebistas saiam insatisfeitos com o resultado destas eleições em uma das duas Casas.
O líder do DEM no Senado, Heráclito Fortes (PI), avalia que o governo acabou deixando de lado os candidatos do PMDB tanto na Câmara quanto no Senado e acredita que as "mágoas" deixadas no partido dificilmente serão liquidadas.
"A falta de solidariedade do governo com os dois candidatos da base (Michel Temer e Jose Sarney) vai ter conseqüências nos dois casos. Isso deixa mágoas e serão precisos gestos representativos para superar", avalia.
Já o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), afirma que a manutenção do apoio do PT a candidatura de Michel Temer – apesar de o PMDB ter lançado Jose Sarney no Senado dificultando a eleição do petista Tião Viana – mostra que a aliança PT-PMDB está sólida e será benéfica para a candidatura de Dilma.
"A repercussão para a sucessão presidencial é inevitável. Do nosso ponto de vista, nós mantermos o acordo com PMDB na Câmara fortalece a nossa aliança e é um degrau a mais pra manter essa aliança necessária para a sucessão presidencial. Não temos ilusão de que o PMDB venha todo conosco com a Dilma, mas boa parte virá", disse.
O líder José Aníbal (PSDB-SP) ressalta que a intenção principal do Planalto é 2010 e admite que seu partido também está na briga pelo apoio dos peemedebistas.
"O Lula e o PT são duas coisas distintas, no discurso é uma coisa e na prática o PT só faz o que Lula mandar e Lula só tem um propósito hoje que é viabilizar sua sucessora com a candidatura de Dilma", afirma.
"Ele (Lula) fez uma estratégia na qual o entendimento com o PMDB é uma questão central para ele. Na realidade o PMDB ele vai fazer tudo para ter o PMDB com ele, e nós também", garante.
Para o senador tucano Álvaro Dias, o Palácio do Planalto deverá lutar pelo apoio do PMDB, mas não com todas as armas como acreditam alguns.