Com o intuito de detectar precocemente e tratar a retinopatia da prematuridade (doença vaso-proliferativa, onde há crescimento anormal de vasos na periferia da retina e pode evoluir com descolamento da retina e cegueira), a Maternidade-Escola Santa Mônica (MESM), unidade hospitalar da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), está realizando há aproximadamente um ano tratamento em prematuros para a detecção e cura dessa anormalidade visual.
O exame deve ser efetuado entre a 4ª e a 6ª semana de vida em todos os bebês que nascem com peso inferior a 1500g ou menos de 32 semanas. Os bebês que apresentem entre 1500 e 2000g também devem ser examinados, desde que tenham tido intercorrências como infecção generalizada, transfusão sanguínea ou hemorragia cerebral. Vale salientar que o uso prolongado de oxigênio piora a doença.
“O tratamento é feito por intermédio da fotocoagulação da retina avascular com laser diiodo, equipamento único em nosso Estado para o tratamento de pacientes do SUS. O importante é saber que, se o oftamologista surpreende a retinopatia num estágio precoce, tem grandes oportunidades de tratar o problema sem deixar sequelas visuais importantes”, observou a oftalmologista da MESM e especialista em oftalmopediatria, estrabismo e visão subnormal, Daniela Lyra.
A retinopatia da prematuridade atinge 80% dos bebês com peso entre 750g e 1000g e é a maior causadora de cegueira infantil. No Brasil infelizmente existem mais de 26 mil crianças cegas. Muitos destes casos poderiam ter sido evitados com o diagnóstico precoce e tratamento adequado. Portanto, “essa realidade poderia ser revertida com o treinamento de pediatras para o encaminhamento correto e programas de triagem em maternidades de alto risco para prematuridade”, ressaltou Daniela Lyra.
A Retinopatia da Prematuridade é uma importante causa de baixa visão e cegueira em crianças. A Organização Mundial de Saúde (OMS) a considera uma das principais causas de cegueira prevenível na infância. A detecção precoce e o tratamento em tempo hábil levam a resultados bastante satisfatórios, na maioria dos casos. Assim, a investigação de rotina, nos pacientes expostos aos fatores de risco, dentro do prazo estabelecido pelos protocolos da doença, se faz imperativo.