A montadora GM (General Motors), atualmente a segunda maior do mundo, deve entrar nesta segunda-feira com o pedido de concordata, após o fim do prazo dado pelo governo americano para que a empresa entregasse seu projeto de reestruturação. O pedido visa a conceder apoio judicial à montadora enquanto realiza sua reforma, a qual deve separar a empresa em duas: a "nova GM", sem dívidas e com produção reorganizada, e uma empresa que ficará com os débitos.
Reportagem do jornal "The New York Times" informa que o presidente Barack Obama deve colocar a empresa sob proteção do "Capítulo 11" da Lei de Falências americana –o equivalente à concordata (ou recuperação judicial, no Brasil).
Neste fim de semana, a maioria dos credores da GM aceitaram trocar US$ 27 bilhões das dívidas da companhia por participação na "nova GM", com possibilidade para comprar até 15% dos ativos futuramente. Após a reestruturação, o Tesouro dos EUA deve surgir como principal detentor da futura companhia, com 72,5% de participação acionária, seguido pelo sindicato UAW (United Auto Workers), com 17,5% dos títulos.
Com um prejuízo acumulado de US$ 88 bilhões desde 2004, a empresa já recebeu empréstimos vultosos do governo para manter sua produção. Desde dezembro do ano passado, foram cerca de US$ 20 bilhões. A empresa espera outros US$ 30 bilhões até o fim do ano para reorganizar suas contas e sua produção mundial
Segundo o periódico "The Wall Street Journal", o executivo Al Koch, 67, especialista em reestruturação de empresas, vai conduzir o processo. Funcionários da montadora ligados à reestruturação dizem que o pedido de concordata vai manter a empresa sob proteção judicial de 60 a 90 dias, prazo em que a GM deve realizar as medidas anunciadas para se reorganizar.
A empresa já anunciou que vai fechar ao menos 13 fábricas, demitir 21 mil funcionários e se desfazer de até 2.400 mil concessionárias nos EUA, além de vender quase a metade de suas marcas. Então entre os cortes marcas como Opel, Saab, Hummer, Saturn e Pontiac (que já foi fechada). Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC ficam com a GM.
Segundo a filial brasileira da GM, a crise na matriz não afeta seus negócios. Apesar disso, uma reunião deve ser realizada para detalhar os passos da empresa no mercado nacional.
Nesta segunda-feira, o presidente da montadora americana, Fritz Henderson, receberá a imprensa para falar sobre a decisão da fabricante nos EUA.
De acordo com com "NYT", com concordata ou não, este dia 1º marca uma "mudança significativa na indústria considerada o coração da economia americana." Com 101 anos de história, a montadora que foi a líder do mercado durante quase toda sua história, pode passar a ver de longe a disputa entre os novos gigantes automotivos.