Um dos 21 senadores que assinaram documento com pedido de mudanças administrativas profundas no Senado Federal, o senador João Tenório (PSDB-AL) alertou para o risco da generalização das denúncias contra a Casa e da exposição injusta de parlamentares que sempre tiveram sua vida pautada pela ética pública e pessoal. “É o que está acontecendo no caso dos atos secretos do Senado. Uma coisa é apurar sua responsabilidade e punir os eventuais culpados. Outra é publicar uma lista duvidosa com dezenas de senadores supostamente beneficiados, boa parte dos quais sequer sabia da existência de tais documentos”, lamentou João Tenório, que negou categoricamente ter pedido ou autorizado a publicação de qualquer ato sigiloso.
Os documentos divulgados recentemente por uma comissão de sindicância do Senado incluem a exoneração de Enéas Alencastro, no dia 22 de maio de 2007, e o desligamento de Andreya Carneiro Vieira,.no dia 03 de abril de 2007. Os dois eram funcionários do gabinete de João Tenório, mas a saída de ambos não teve qualquer motivação política nem significou qualquer benefício para o senador. João Tenório pediu oficialmente a exoneração de Alencastro – lotado no gabinete ainda durante o mandato do ex-senador Teotônio Vilela Filho – logo que descobriu seu envolvimento com a Operação Navalha, desencadeada pela Polícia Federal. O desligamento de Andréa, servidora concursada do Senado, foi feito a pedido dela própria.
“Não há qualquer explicação para o envolvimento de meu nome nessas denúncias; se a publicação da exoneração foi feita por ato secreto, essa é uma responsabilidade absoluta da administração da Casa” , frisou João Tenório, que sempre fez questão de conduzir o dia a dia de seu gabinete da forma mais transparente possível. “Ética é uma postura pessoal, uma postura de vida. E foi com essa postura ética que sempre pautei não apenas minha vida parlamentar, como minha vida pessoal e empresarial”, afirmou o senador.
Diante da crise vivida pelo Senado, João Tenório não hesitou em endossar oficialmente o documento entregue no último dia 18 ao presidente José Sarney por um grupo de vinte senadores pedindo uma reforma profunda na Casa. Entre outros pontos, o grupo suger uma auditoria externa para todos os contratos firmados no Senado, a eliminação de vantagens acessórias inerentes ao mandato parlamentar, a exoneração de todos os diretores, a definição de uma meta de redução de pessoal e a suspensão de novas contratações.
O nome do novo diretor-geral, de acordo com o documento, deve ser votado em plenário, por onde também devem passar quaisquer medidas administrativas mais importantes.
“É o mínimo que a opinião pública exige e é o mínimo que podemos fazer para resgatar o respeito e a dignidade do Senado Federal, uma instituição da maior importância para a democracia brasileira”, defendeu o senador.