Produtores de soja evitam ferrugem asiática

Entre junho e outubro, durante a entressafra, os estados brasileiros produtores de soja adotam o vazio sanitário, por recomendação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Num período de 60 a 90 dias, não pode haver plantas vivas em parques, praças e nem mesmo grãos derramados nas rodovias nessas unidades da Federação. O objetivo é um só: impedir a germinação da planta para que as lavouras não sejam contaminadas pela ferrugem asiática – doença que já provocou prejuízos estimados US$ 13,4 bilhões aos sojicultores.

Segundo a pesquisadora Claudia Godoy, da Embrapa Soja, em Londrina, o vazio sanitário visa a reduzir a sobrevivência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática, principal doença da soja e de alto potencial destrutivo. O fungo, acrescenta a técnica da estatal, ataca as plantas, prejudicando a formação de grãos, com perdas econômicas significativas nas lavouras.

“Nove anos após o surgimento dos primeiros focos no Brasil, a estimativa é que a ferrugem asiática tenha provocado prejuízos de US$ 13,4 bilhões, somando os custos do controle, perdas na colheita e a queda na arrecadação com a cultura”, diz Claudia. Em cada safra, assinala, os prejuízos com a doença chegam a cerca de US$ 2 bilhões para os agricultores e poderiam ser bem maiores não fosse a interrupção do plantio.

Com a adoção do vazio sanitário, a aplicação de fungicidas nas lavouras foi reduzida. “Alguns produtores chegavam a fazer sete aplicações durante o ciclo de desenvolvimento da planta. Com a introdução do vazio sanitário e consequentemente sem a proliferação do fungo causador da doença, esse número caiu para, no máximo, 2,5 aplicações. É um resultado muito bom.”

O vazio sanitário começou em Mato Grosso e em Goiás, em 2006. A partir de 2007, passou a ser adotado por Mato Grosso do Sul, pelo Tocantins, por São Paulo, Minas Gerais, pelo Distrito Federal e Maranhão. No ano passado, foi introduzido no Paraná e na Bahia. Neste ano, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina implantaram o sistema a partir de junho. Todas essas unidades da Federação seguem instruções normativas locais.

A preocupação em combater a ferrugem asiática deve-se à grande importância da soja para o agronegócio brasileiro. De acordo com o chefe de administração da Embrapa Soja, Amélio Dall’ Agnol, a oleaginosa é o produto mais importante na pauta brasileira de exportações.

“Em 2008, as exportações brasileiras somaram US$ 200 bilhões. Desse total, US$ 17 bilhões foram provenientes da soja, sem contar os benefícios econômicos indiretos da produção do grão”, lembra Dall’ Agnol.

Do total plantado com grãos no Brasil, 47% são de soja. Cerca de 4,5 milhões de pessoas vivem direta e indiretamente da produção da oleaginosa no país. A área cultivada na atual safra foi de 21,73 milhões de hectares, onde devem ser produzidas 57,14 milhões de toneladas, conforme as últimas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o período 2008/2009.

O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo, perdendo apenas para os EUA, e caminha para assumir a liderança num futuro próximo, prevê o chefe da Embrapa Soja.

Fonte: Radiobras

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