Amanheci o dia percorrendo lojas à procura de absorvente para a Lalá. Nada demais se uma das moças que me atendeu não me mostrasse, com um risinho no canto da boca, uma infinidade de calcinhas e absorventes pra cachorro – não, não é gíria, é pra cachorro mesmo. Há alguns dias estou cuidando da poodle da Isa, enquanto ela viaja. Antes de embarcar, no entanto, minha filha me deixou uma lista de recomendações para fazer com a cadelinha: “6h30, levá-la para passear”; “ensiná-la o lugar correto de fazer xixi”; “brincar com ela, para ela não se sentir só” etc. “Deve ser ridículo ver você passeando com uma poodle de lacinho na cabeça”, mangou o Márcio, enquanto tomávamos uma cerveja na orla. Ridículo mesmo foi ficar na dúvida sobre o tamanho de absorvente que deveria levar. “P, M ou G, senhor?”, quis saber a moça. “O tamanho suficiente para impedir que ela pinte o meu apartamento de vermelho”, respondi. “Mas preciso saber o tamanho dela”, emendou. Fiquei na dúvida. Confesso que não entendo de absorvente. Muito menos absorvente para cachorro, que eu nem desconfiava existir. “O senhor sabe usar?”, voltou a perguntar a moça. “Ué, não é a cadela que tem que usar?”, estranhei. “Colocar nela, eu quis dizer”. E antes que eu respondesse, tratou de me ensinar. “Fácil, não?”. “Num cachorro de plástico parece moleza”, respondi. “Num de verdade também é, basta ter jeito”. “Eu ou a cadela?”. Ela rosnou (a cadela não, a moça). Entendi. “Mas atenção, senhor: toda vez que ela for fazer xixi, o senhor tem que tirar o absorvente”. “E ela vai me dizer o momento em que estiver com vontade de fazer xixi?”, não resisti. Ela me entregou o pacote e me desejou boa sorte. “Eu vou precisar de sorte para por absorvente na cadela?”. Ela não respondeu. E eu fiquei com a orelha na frente da pulga.
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