Conforme antecipou o Alagoas24Horas, na manhã de hoje, a testemunha chave do Caso Gil Bolinha está depondo na sede do Ministério Público. Antônio Wendell Guarniere já depõe por mais de uma hora. Ele está sendo ouvido pelos promotores do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas e pelo delegado-geral adjunto José Edson, além de outros delegados que acompanham o caso.
O depoimento de Antônio Wendell é considerado peça fundamental no caso que apura o motivo pelo qual o suposto traficante Moisés Santos Costa Júnior – o Gil Bolinha – foi liberado pelo delegado Eulálio Rodrigues, depois de ter sido preso pela Polícia Militar de Alagoas com drogas. Gil Bolinha é tido – pela própria Polícia Civil de Alagoas – como comparsa do traficante Aranha, que se encontra preso.
Gil Bolinha foi detido no dia 18 de junho e depois liberado pelo delegado. Logo, em seguida – no dia 19 – ele foi preso novamente. Eulálio Rodrigues é acusado de ter recebido propina para liberar o suposto traficante. De acordo com as investigações conduzidas pelo Gecoc há uma gravação que incrimina o delegado.
Além de Eulálio Rodrigues também são apontados por associação ao tráfico, já que teriam participado do esquema, o escrivão José Carlos Minin e o advogado de Gil Bolinha, o pastor Saulo. O MP ofertou denúncia contra os três e o caso já se encontra na 17ª Vara Criminal. O depoimento de Antônio Wendell pode vir a complicar ainda mais a situação dos acusados, que alegam inocência.
Desde que foi acusado de liberar irregularmente o traficante Gil Bolinha, o delegado Eulálio Rodrigues se disse tranquilo quanto ao procedimento adotado por ele. Nem mesmo a informação de que haveria uma gravação eletrônica do dia da liberação teria abalado o delegado, que se manifestou apenas por meio da Associação de Delegados de Polícia (Adepol).
O depoimento de Antônio Wendell acontece na sede do Ministério Público Estadual. A previsão é que o depoimento seja encerrado no final desta manhã. De acordo com os promotores, Antônio Wendell veio pedir garantias de vida e dar entrada no programa de testemunhas. Ele já esteve inserida neste programa em outra situação.
Agora, ele deve ser reinserido por conta do caso Gil Bolinha. O Ministério Público colocou que ele tem recebido a proteção da Polícia Civil do Estado de Alagoas, enquanto não fizer parte do programa de proteção. Antônio Wendell fez algumas delações que serão analisadas pelo Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc). O objetivo é saber a veracidade, conforme os promotores.
Antônio Wendell já foi preso por crimes no Estado de Maranhão e estava envolvido no programa, por conta das investigações que ocorreram por lá. De acordo com o delegado José Edson, a testemunha é importante para o caso Gil Bolinha e que a Polícia Civil passa agora a protegê-lo. José Edson colocou ainda que Antônio Wendell vem sendo protegido desde o início do inquérito e foi uma das pessoas que possibilitou que o delegado Eulálio Rodrigues e o escrivão José Carlos Minin fossem indiciados e agora réus, no processo que está na Justiça.
O delegado disse ainda que o que a testemunha falou hoje aos promotores já é de conhecimento da 17ª Vara Criminal. “Ele não cometeu crimes aqui em Alagoas. Ele está querendo voltar ao programa por conta deste caso, no qual ele é apenas uma testemunha. Ele foi deslocado do Maranhão para Alagoas, justamente pelo fato de estar no programa anteriormente. Uma das prerrogativas do programa é justamente mudar a pessoa de localidade”, colocou.
José Edson não revelou a ligação exata entre a testemunha e o caso. Mas, que ele teve acesso a informações que confirmam a corrupção que gerou a liberação de Gil Bolinha.