Na manhã dessa segunda (13), mais de 150 trabalhadores da Usina Utinga Leão ocuparam a SRTE/AL para entregar um documento de reivindicação ao Superintendente Heth César. Esse documento é um “retrato” da atual situação dos mais de 6 mil trabalhadores da Usina, que estão sem receber seus salários, atrasados há 4 meses. O documento contém as seguintes exigências: manutenção dos empregos, recebimento dos salários atrasados e demais verbas trabalhistas, apresentação dos atuais donos da Usina e disponibilização de cestas básicas aos trabalhadores.
A Usina Utinga Leão, que tem uma história de mais de 100 anos no Estado, foi vendida, no ano passado, para um grupo de outro estado e se chama, atualmente, Brazil Ethanol. A mudança na gestão e a crise enfrentada pioraram a situação dos trabalhadores, que hoje em dia, não sabem ao certo a quem se reportar para negociar essas dívidas existentes.
Uma comissão, com dez trabalhadores e sindicalistas, foi recebida pelo Superintendente, durante a conversa o mesmo ouviu todas as reclamações e esclareceu que a Superintendência do Trabalho já aplicou mais de 4 milhões de reais em multa, mas apesar da ação fiscalizadora, a situação crítica não foi resolvida.
“O Ministério do Trabalho, em conjunto com a Procuradoria do Trabalho, conseguiu, na semana passada, a liberação da documentação dos funcionários rurais da Usina, para dar entrada nos seguros desemprego – foram mais de 300 em Murici – e começará, esta semana, a mesma ação com os trabalhadores de Cajueiro. Sabemos que os trabalhadores da indústria vivem outra realidade, são funcionários, alguns com mais de 20 anos “de casa”, que não querem perder seu emprego. Por isso mesmo sugerimos medidas paliativas, como a suspensão do contrato de trabalho para que essas pessoas possam habilitar o seguro desemprego sem perder o vínculo empregatício, liberação do FGTS e que, principalmente, eles lutem pela indisponibilidade dos bens da Usina, para que seja garantido, pelo menos futuramente, o pagamento a esse pessoal”, disse o Superintendente Heth César.
O “manifesto” será encaminhado ao Presidente Lula e a Ministra Dilma Rousseff, em visita ao Estado, amanhã; ao Governador do Estado, Teotônio Vilela Filho; aos Senadores Fernando Collor e Renan Calheiros e a Procuradoria do Trabalho “Estamos passando fome e todo mundo tem que ajudar. São mais de 6 mil trabalhadores, o que deve dar mais de 15 mil pessoas afetadas, já que temos as nossas famílias que dependem de nós”, afirmou Edvaldo Lúcio, Diretor Previdenciário do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Açúcar do Estado.
“Estamos acompanhando toda a dificuldade e a situação delicada desses trabalhadores, mas agora é uma questão judicial. O objetivo é ajudar. Buscamos soluções em todas as esferas, propusemos, até mesmo, que eles conversassem na Justiça do Trabalho, para que fosse designado um administrador judicial, que controlasse e averiguasse a gestão dos negócios da Empresa para que os trabalhadores, a Justiça, toda a sociedade tenha certeza de não estar sendo lesada.”, afirmou o Superintendente do Trabalho em Alagoas, Heth César.