A promotora Marluce Falcão quebrou o silêncio e concedeu entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, dia 15, na sede da Associação do Ministério Público de Alagoas (Ampal). A promotora, que é ex-integrante do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), teve a prisão recomendada pela cúpula da Polícia Civil, após ter supostamente coagido o preso Antonio Wendel Melo Guarnieri, considerado testemunha-chave no caso Gil Bolinha.
Marluce Falcão disse que conheceu Guarnieri no dia 16 de junho, na condição de vice-presidente do Conselho Estadual de Proteção à Testemunha de Alagoas. Guarnieri teria sido excluído do programa após se envolver em novos ilícitos. Antonio Wendel foi premiado com delação premiada pela justiça do Maranhão, quando ajudou a prender uma quadrilha especializada em tráfico de entorpecentes e assalto a bancos.
Durante este primeiro contato, Antonio Wendel Guarnieri afirmou que teria sido contratado por R$ 20 mil para matar uma autoridade alagoana. O acusado ainda teria recebido a promessa de uma motocicleta e duas pistolas .40. Após o depoimento, Marluce Falcão disse que ligou para o delegado-geral de Polícia Civil, Marcílio Barenco, informando sobre as declarações de Guarnieri, que voltou a repetir seu depoimento para os delegados Paulo Cerqueira e Geraldo Amorim Terceiro. O depoimento teria sido acompanhado, ainda, pelo promotor Hamilton Carneiro, que confirmou que o ‘caso era grave e muito sério’.
Dois dias após este depoimento, tem início o Caso Gil Bolinha, com a prisão e liberação – supostamente mediante o pagamento de suborno de R$ 15 mil – do acusado de tráfico Moisés Santos da Costa Júnior. Gil Bolinha foi preso em flagrante pelo Batalhão de Rádio-Patrulha e levado para a Delegacia de Plantão I, onde foi liberado pelo delegado Eulálio Rodrigues. Após ter a soltura denunciada pela imprensa, Gil Bolinha voltou a ser preso no dia 19, quando se dirigia ao escritório do seu advogado, pastor Saulo Oliveira, marido de Marluce Falcão.
Os juízes da 17ª Vara Criminal da Capital, de posse da gravação de uma conversa entre Gil Bolinha e Antonio Wendel, pediram a prisão de Eulálio Rodrigues, do escrivão José Carlos Minin, e do advogado Pastor Saulo Oliveira, que não chegou a ser preso e só se apresentou após receber habeas-corpus preventivo do desembargador Orlando Manso.
Cronologia
Marluce relembrou que foi homenageada no dia 22 pela cúpula da Polícia Civil e que foi surpreendida, no dia 23, com o pedido de prisão do marido. A promotora nega envolvimento com Antonio Wendel no que diz respeito ao Caso Gil Bolinha, mas admite que recebeu vários telefonemas da testemunha, que supostamente pediria apoio após ter sido ‘abandonado’ pela cúpula de Alagoas.
Durante estes telefonemas, ela teria recomendado ao Antonio Wendel que procurasse outra autoridade, uma vez que ele teria prestado depoimento contra ela, embora não tenha especificado em que momento se deu esse depoimento. Marluce ainda questionou como uma pessoa que admitiu participar de um plano para execução de uma autoridade foi liberado pela Polícia Civil cinco dias após a prisão.
A promotora ainda afirmou que Antonio Wendel teria procurado por ela na igreja frequentada por sua família. Embora questione o depoimento de Antonio Wendel como justificativa para seu pedido de prisão, Marluce Falcão disse acreditar que ele não pretende atacá-la pessoalmente e sim desmoralizar as instituições as alagoanas. Falcão ainda destacou que as pessoas que pediram sua prisão devem ‘estar envergonhadas’.