As ações brasileiras subiram pelo terceiro pregão consecutivo nesta sexta-feira. Com a valorização desta semana –5,8%– a Bolsa conseguiu apagar as perdas do mês, acumulado ganho de 1,18% em julho.
O desempenho da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) hoje contrariou o prognóstico de que os investidores iriam preferir vender as ações principalmente com a disparada anterior. O cenário externo mais favorável, no entanto, puxou o "preço" da Bolsa de volta aos 52 mil pontos, perdido desde o final de junho. E a taxa de câmbio cedeu para R$ 1,92. Na semana, o preço da moeda americana retraiu 3,7%. No mês, o decréscimo é de 1,83%.
O termômetro da Bolsa, o índice Ibovespa, subiu 0,30% e bateu os 52.072 pontos no fechamento. O giro financeiro foi de R$ 4,10 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,37%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,928, em um decréscimo de 0,15% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 252 pontos, número 3,81% abaixo da pontuação anterior.
"A semana foi muito fraca, mas com uma entrada um pouco alta de dólares. A maior parte do capital que entrou veio para participar de fusões, de compra de empresas, de Ipos [oferta de ações]. E é possível que nos últimos dois ou três dias os exportadores, vendo os preços caindo, tenham fechado algumas operações", avalia Paulo Prestes, da mesa de operações da corretora Exim.
Há poucos dias da uma nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado está dividido entre uma redução de 0,25 ou 0,50 ponto percentual. A taxa Selic vigente é de 9,25% ao ano. Há um relativo consenso, no entanto, de que o corte deste mês deve ser o último do ano.
Para o economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, o Comitê deve optar pelo corte menor, preferindo a cautela "com as defasagens monetárias de uma taxa de juros em patamar inédito". O economista também cita a "demora da inflação ao consumidor em responder de forma mais enérgica" e os "sinais de sustentação do consumo e de renda", além do "acelerado expansionismo fiscal".
O economista da corretora Geração Futuro segue por caminho semelhante, defendendo que o BC vai adotar por uma estratégia de "observador", mantendo os juros próximos a 9% neste ano.
Apesar de reconhecer que a economia brasileira cresce abaixo de seu potencial ("hiato do PIB bastante negativo"), o economista argumenta que as quedas recentes dos juros vão ter mais efeito no segundo semestre deste ano e em 2010. "Com efeito, o Banco Central não possui muita certeza acerca do impacto da queda das taxas de juros na economia bem como de sua tempestividade".
Balanços
Entre as principais notícias do dia, o Bank of America reportou lucro de US$ 3,22 bilhões no segundo trimestre, uma cifra número 5,5% menor que o registrado no mesmo período de 2008. O ganho de US$ 0,33 por ação no trimestre deste ano, no entanto, ficou acima da projeção de consenso dos analistas (US$ 0,28 por ação).
O Citigroup lucrou US$ 4,28 bilhões no segundo trimestre, ante um prejuízo de US$ 2,5 bilhões no mesmo período de 2008, também acima das expectativas dos analistas.
Citigroup e Bank of America já estiveram entre as instituições financeiras mais avariadas pela crise dos créditos "subprime", que abalou o sistema bancário americano a partir do segundo semestre de 2008.
Ontem à noite, IBM e Google, gigantes do setor de tecnologia da informação, abriram seus números do segundo trimestre. A primeira teve um lucro de US$ 3,10 bilhões enquanto a segunda, de US$ 1,48 bilhão, o que bateu as expectativas de bancos e corretoras.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que a construção de casas teve um avanço inesperado em junho, atingindo a cifra de 582 mil unidades ano, o maior resultado em sete meses.
No front doméstico, a FGV (Fundação Getulio Vargas) revelou que o IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10) apontou deflação de 0,35% em julho, após recuo de 0,03% em junho. Já a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) registrou inflação de 0,23% na segunda quadrissemana de julho –30 dias até 15/07–, acima do 0,17% verificado na abertura deste mês.