O senador Fernando Collor (PTB-AL) manifestou, nesta quinta-feira (6), sua preocupação com o acordo de cessão de uso aos norte-americanos de bases militares na Colômbia. Ele também voltou a referir-se ao que considera "situações de instabilidade de caráter bélico" que ele acredita podem ameaçar o clima de paz e distensão no continente.
O parlamentar disse ter recebido informações de que o acordo abrangeria sete bases militares, o que não seria a maneira mais adequada de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, incluir a América do Sul na sua agenda de política externa.
– A política externa brasileira tem cedido a pressões, em detrimento dos interesses nacionais. A atitude [de Obama] vem desmentir as indicações de que o novo mandatário norte-americano estaria disposto a inaugurar uma nova era de relacionamento com a América do Sul, mais inteligente e solidária e menos intervencionista. Parece que volta a erros do passado que tanto prejudicaram a imagem de seu país – disse Collor.
Para o senador, Obama está empreendendo uma corrida armamentista de consequências imprevisíveis. Ele acha que a iniciativa de maior presença militar na América do Sul não corresponde às expectativas de fortalecimento da democracia e dos valores democráticos.
– O mandatário norte-americano faz com que esvaia o clima de esperança criado com sua eleição e que havia diminuído o sentimento anti-americano antes prevalecente na América do Sul, e que agora tende a retornar – advertiu Collor.
O parlamentar entende que os Estados Unidos têm, na verdade, desvirtuado o chamado Plano Colômbia, que desde o anos 2000 serve de apoio ao combate ao terrorismo e ao narcotráfico. Na sua concepção inicial, o plano tinha um "importante componente social e humanitário", promovendo econômica e socialmente a região e propiciando o abandono gradual da produção de drogas ilícitas.
– Não podemos aceitar, de outra parte, a atitude voluntarista da Colômbia em relação aos seus parceiros e vizinhos. Ao negociar a presença estrangeira em suas bases, não procurou o diálogo prévio, não buscou expor e explicar suas razões. Só agora, depois de avançadas tratativas, entra em contato com os países sul-americanos para se justificar. Não é comportamento condizente com a busca da paz e da estabilidade, mas sim um procedimento que leva à desconfiança – opinou o senador.
Collor lembrou que em seu governo, no que chamou de primórdios do Mercosul, patrocinou medidas de aumento da confiança para desarmar os espíritos, a criar uma situação de confiança mútua entre o Brasil e a Argentina, que tinham vivido um longo período de rivalidade. Daí nasceram, em 1991, o acordo para o uso pacífico de energia nuclear que criou a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle, e o acordo desse organismo com a Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena.
– Creio que agora necessitamos de medidas dessa natureza, de construção de confiança – pregou Collor. O senador ressaltou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já percebeu os danos que as negociações sobre as bases podem trazer ao clima político da América do Sul e as questionou.