O diretor-presidente do Departamento de Trânsito do Estado de Alagoas, Antônio Sapucaia, disse – em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira, dia 20 – que vai cortar o ponto dos funcionários grevistas do órgão. Segundo Sapucaia, serão descontados os 15 dias úteis da paralisação.
Sapucaia afirmou ainda que, já na próxima segunda-feira, dia 24, serão abertos processos administrativos por abandono de emprego caso os funcionários que ainda se encontram em greve não retornem. Estas são as duas medidas mais fortes adotadas pelo diretor-presidente do Detran diante da greve que tem prejudicado vários usuários do sistema.
Os servidores do Detran iniciaram a greve no dia 3 de agosto. Desde então, os sindicalistas organizam atos públicos e buscam um entendimento com o Governo do Estado de Alagoas. Conforme o líder sindical, Abílio Gomes, a greve foi a única forma encontrada para que a categoria tente conseguir o pleito de reajuste salarial.
Os sindicalistas reivindicam reajuste salarial da ordem de 27,6%, sendo 21% linear e 6,41% de ajuste na tabela de todas as categorias profissionais. A categoria exige ainda a valorização dos servidores com a elaboração e implantação do Plano de Cargos e Carreiras (PCC), capacitação profissional, melhores condições de trabalho e defende a reabertura da escola pública de trânsito, para que haja redução no valor da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Os sindicalistas e o diretor-presidente Antônio Sapucaia têm trocado farpas na imprensa. Porém, Abílio Gomes destacou – em recentes declarações – que a greve não é um movimento contra Sapucaia, mas sim pelos direitos da categoria. O diretor-presidente do órgão rebateu. “Eles dizem que não é pessoal, mas querem minha saída sim. Não é por uma questão de aumento salarial”, frisou Sapucaia.
De acordo com Antônio Sapucaia, os repasses para o sindicato ainda não estão sendo realizados, porque este não existe legalmente e sequer prestou contas. O diretor-presidente afirma que não pode fazer os repasses sob pena de responder por “improbidade administrativa”. “Desde que assumi o Detran, as portas sempre estiveram abertas. Trouxe apenas cinco pessoas comigo, nunca nomeei parente e sempre valorizei o pessoal da casa”, salientou ainda.
As medidas tomadas por Sapucaia são radicais e demonstram que as negociações não avançaram. A direção do Detran espera que diante do corte do ponto e dos processos administrativos, os grevistas retornem às atividades.
Sapucaia afirmou que muitas pessoas, na maioria pobres, estão ameaçadas de perder o emprego porque não conseguem renovar a CNH devido à greve.
O diretor-presidente do Detran fez questão de lembrar que todos os servidores foram previamente comunicados, antes da greve, sobre o desconto dos dias parados e que estavam conscientes das consequências da adesão à paralisação. “A Correição já está de posse das informações e as medidas serão tomadas com base nos termos de comunicação de freqüência dos Coordenadores e Gerentes das unidades operacionais”.
Sapucaia reiterou que as medidas anunciadas têm o objetivo de preservar a continuidade dos serviços essenciais à segurança do trânsito e ao Decreto Governamental nº. 1.807/09. “Todos têm conhecimento de que só não foi possível o governo do Estado atender às reivindicações salariais porque as despesas com pessoal chegaram ao limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal”, disse ele. “Mas é meu dever institucional zelar pela preservação do interesse público e na execução de tarefas impostas pelo Sistema Nacional de Trânsito”.
