Quando a seleção brasileira conquistou o título da Copa das Confederações, no fim de junho, na África do Sul, o diário "Olé", principal jornal esportivo argentino, estampou em sua capa: “Oremos”. Era uma referência ao duelo contra os brasileiros neste sábado, às 21h30m (horário de Brasília), no Gigante de Arroyito, em Rosário, pela 15ª rodada das eliminatórias. Em situação complicada na competição, os argentinos precisam desesperadamente da vitória.
Em quarto lugar, o time comandado por Maradona corre o risco de ficar fora da Copa do Mundo de 2010. Uma derrota para o Brasil deixaria a Argentina com a corda no pescoço, já que nas três últimas partidas ainda iria enfrentar o Uruguai e o Paraguai fora de casa. Apenas o Peru, em Buenos Aires, poderia ser visto como um duelo mais fácil. A Rede Globo transmite ao vivo a partida. O GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real com vídeos dos melhores lances.
Só os quatro primeiros colocados nas eliminatórias se classificam para a Copa do Mundo. Equador e Uruguai estão na cola da Argentina. Diante de uma seleção brasileira que vive o melhor momento na Era Dunga, os argentinos parecem que resolveram, realmente, apelar para forças superiores. Os jogadores seguiram nesta semana o conselho do diário "Olé" e foram rezar em na capela São Francisco de Assis, em Buenos Aires. O padre Juan José Madina abençoar o time para a partida contra o Brasil.
Maradona resolveu arriscar a idolatria no comando da seleção. Após substituir Alfio Basile em outubro do ano passado, ele tem como treinador seis vitórias e duas derrotas. Uma delas a humilhante goleada por 6 a 1 para a Bolívia. Outrora confiantes, os argentinos estão perto do desespero. A Associação Argentina de Futebol resolveu tirar a partida de Buenos Aires e levar para o acanhado estádio de Rosário. Tudo para aumentar a pressão em cima dos brasileiros. O campo fica a apenas cinco metros da arquibancada, que vão estar lotadas com 35 mil torcedores.
– A possibilidade de não ir para a Copa tiraria o meu sono. Não poder ir para a Copa e deixar de disputar um Mundial realmente é algo triste. A gente (o Brasil) está a poucos pontos de conseguir o nosso objetivo e nos classificar. Mas acho que isso (a possibilidade de ficar fora da Copa do Mundo) tira o sono de muita gente – disse Kaká.
O lado emocional sem dúvida conta muito em uma partida como essa. Vamos entrar como se fosse uma decisão. É sempre um campeonato à parte – completou Felipe Melo.
Se a Argentina está com a crise batendo à porta, o Brasil não poderia estar em um momento mais abençoado. A seleção defende uma invencibilidade de 17 jogos – a série começou, curiosamente, contra a Argentina em 2008, em Belo Horizonte – e tem até agora um 2009 perfeito. Venceu a campeã do mundo Itália duas vezes, conquistou o título da Copa das Confederações e está em primeiro lugar nas eliminatórias, além de liderar o ranking da Fifa.
Após três anos no comando da seleção brasileira, Dunga se aproxima da glória. A classificação para a Copa do Mundo de 2010 pode vir neste sábado com uma vitória em cima da Argentina. Mas o Brasil, que lidera as eliminatórias com 27 pontos, precisa também torcer por uma derrota do Equador, quinto colocado com 20, para a Colômbia, em Medellín. Como a partida é às 17h30m, a seleção vai entrar em campo já sabendo se pode ou não carimbar o passaporte para a África do Sul.
Desde que substituiu Carlos Alberto Parreira após a Copa do Mundo de 2006, Dunga comandou a equipe em 46 jogos, com 32 vitórias, dez empates e apenas quatro derrotas – 97 gols marcados e 31 sofridos. Kaká esteve presente em 28 partidas e considera que o trabalho do treinador instituiu uma nova fase na seleção.
– Mudou bastante coisa. Os jogadores, a comissão técnica, o comportamento, as formas de se relacionar. É um ciclo novo que está dando certo na seleção. Todo mundo fala bem do time. Ele (Dunga) conquistou muitas coisas importantes. Superou as dúvidas. Só quem está aqui sabe como foi difícil. Mas, agora, a seleção convenceu – disse Kaká.
Maradona resolveu escalar uma equipe bastante ofensiva para enfrentar o Brasil. Mascherano é o único homem de marcação no meio-campo. Precisando da vitória, ele prometeu atacar. Algo que pode ser bom para o Brasil. Uma das características da equipe comandada por Dunga é vencer adversários considerados tradicionais no futebol e que não ficam apenas se defendendo. A própria Argentina já vítima duas vezes. Assim como a Itália. As quatro derrotas brasileiras pós-2006 foram para seleções que não ocupam uma boa posição no ranking da Fifa: Portugal (17º), Paraguai (23º), México (24º) e Venezuela (51º).
– Com certeza essa pressão que a Argentina quer fazer em cima da gente pode virar contra eles. Os torcedores argentinos vivem uma expectativa. Acreditam na seleção deles. É um campo pequeno. Mas como disse, na seleção brasileira há jogadores experientes e maduros, que sabem lidar com tudo isso. E eu gosto de jogar em campos assim, com a torcida perto e me pressionando – disse o goleiro Julio César.
A Argentina defende uma invencibilidade de 41 jogos em casa. A última derrota dos hermanos como mandantes ocorreu em 1996. Um tabu que a seleção brasileira precisa quebrar neste sábado para ficar com a vaga antecipada para a Copa de 2010. Nos últimos anos, as derrotas para o Brasil nas decisões da Copa América (2004 e 2007) e na Copa das Confederações (2005) fizeram estragos nos argentinos. Nos últimos sete jogos entre as duas seleções principais, o Brasil venceu quatro, empate dois e só perdeu um.
O que eles querem é catimbar, que a gente caia neste clima de guerra. Mas isso só vai ser melhor para eles. Como sempre a gente sabe que eles vão bater, a gente sabe que eles vão chegar juntos. Perder incomoda muito e para a Argentina, ainda mais. Então vamos buscar sempre a vitória – disse Robinho.
O retrospecto de Maradona diante da seleção está longe de ser dos melhores. Em seis encontros como jogador, o ídolo argentino perdeu três, empatou dois e só ganhou um, na Copa do Mundo de 1990. Só fez um gol e foi expulso no encontro na Copa de 1982.
– Brasil e Argentina é sempre uma guerra. Há as provocações. Sabemos que é um jogo especial. Importante é ter o equilibrio para terminar com os 11 jogadores em campo. O equilibrio é fundamental. Estar psciologicamente bem e mentalmente suportar a partida – disse Lúcio.
ARGENTINA
Andújar, Zanetti, Otamendi, Sebá Domínguez e Heinze; Maxi Rodríguez, Mascherano, Verón e Dátolo; Messi e Tevez.
Técnico; Maradona
BRASIL
Julio César; Maicon, Lúcio, Luisão e André Santos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká; Robinho e Luis Fabiano.
Técnico: Dunga