Entre os anos de 2003 e 2008, cresceu a participação de paulistanas que bebem de uma a três vezes por semana segundo revela o Inquérito de Saúde no Município de São Paulo, da Secretaria Municipal de Saúde. O estudo também mostra que elas adquirem cada vez mais cedo o hábito de fumar e enfrentam ainda um discreto aumento da obesidade.
As insatisfeitas com o próprio corpo passaram de 49,1% para quase 70% das entrevistadas. "Isso você nem precisa perguntar: é uma questão cultural, assim como a maioria dos homens está insatisfeito com a estatura", disse a coordenadora de Epidemiologia e Informação da secretaria, Margarida Lira.
O inquérito, realizado em 2008 e em 2009 pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), envolveu entrevistas com 3.271 pessoas. O trabalho foi contratado pela Secretaria Municipal de Saúde da capital, que vai utilizar os resultados na formulação de novas políticas públicas.
O estudo revela que o número de mulheres adultas que dizem beber de uma a três vezes por semana passou de 12,4% em 2003 para 19,8% em 2008. "Houve um significativo aumento do consumo de bebida alcóolica entre as mulheres, são números que têm significância estatística", disse Margarida Lira. A participação das que não bebem caiu de 58,1% para 49,9%.
A atendente de enfermagem L, de 53 anos, que passou de bebidas leves à dependência e que, antes de se curar, perdeu emprego e filhos (Foto: Roney Domingos/ G1)Dados dos Alcoólicos Anônimos de São Paulo mostram que, em dez anos, o número de mulheres em cada grupo de cinco frequentadores cresceu de um para três. Segundo a instituição, nas mulheres, o alcoolismo se instala mais rápido, em cinco anos em média. Nos homens, demora cerca de dez anos.
A técnica de enfermagem L, de 53 anos, frequentadora das sessões, afirma que o alcoolismo destruiu sua vida. "Comecei com martini geladinho, fui para a maria-mole (martini com conhaque) e terminei bebendo 24 horas por dia durante seis anos. Fiz todos os estragos que poderia ter feito", disse ela. L procurou ajuda do AA e batalha contra o vícios todos os dias. "O preconceito contra a mulher não acabou, apenas diminuiu. A mulher alcoólatra sofre mais do que o homem, porque as pessoas continuam rotulando. Tem de mudar de casa e de vida", afirmou ela.