O uso de produtos inadequados está estendendo aos adultos uma queixa comum na adolescência. A acne, geralmente vinculada ao descontrole hormonal e de oleosidade dos jovens, também tem sido provocada por hidratantes e protetores solares nas peles mais maduras.
"Esses produtos podem induzir à acne medicamentosa, mantendo o problema em uma faixa etária em que não deveria mais existir", afirma Omar Lupi, presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
A famosa espinha é o problema de pele mais citado pelos brasileiros, segundo pesquisa do projeto DermaBrasil, divulgada hoje. Das 1.500 pessoas ouvidas em 11 cidades brasileiras, 56,4% afirmaram que têm ou já tiveram espinhas.
Uso de creme anti-idade em SP é o dobro do registrado no Rio
Segundo Lupi, boa parte dos casos pode ser explicada por outros dados da pesquisa que refletem a autoindicação de produtos. Das pessoas que usam filtro solar, apenas 18,4% o fazem com indicação médica. E o percentual é bem menor para hidratantes corporais (4,1%) e hidratantes faciais (6,9%).
"Quem se automedica para filtro solar pensa no preço, mas é preciso que o produto seja adequado à pele –e não é apenas uma questão de cor", diz o dermatologista. A oleosidade do produto, que pode ser em creme, loção ou gel, deve ser considerada, assim como o fator de proteção. "Os fatores mais altos tendem a ser mais oleosos."
Proteção diária
A pesquisa, parceria da SBD com a TheraSkin, mostrou ainda que 38,4% dos brasileiros usam protetor solar –13% o fazem diariamente.
"O número não é ruim. Mesmo nos países mais desenvolvidos o uso correto não é feito", considera Lupi.
O Rio de Janeiro e a região Nordeste são os campeões do uso esporádico. Entre os adeptos dos filtros solares, 71,7% e 64,4%, respectivamente, só passam o produto quando vão à praia e piscina ou em dias de muito sol.
Em todo o país, o fator de proteção 30 é o preferido, eleito por quase metade (48,6%) dos usuários de filtro.