Reunião a portas fechadas, time indefinido e até ameaça de greve de funcionários. Nem parece que o Vasco é líder da Série B, com seis pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o Guarani, e 13 de vantagem sobre o adversário desta terça-feira, o Figueirense, primeiro time fora do G-4. Foi neste clima pouco amigável que o Vasco fez seu último treino para enfrentar a equipe catarinense. Quando a bola rolar às 21h, em São Januário, o técnico Dorival Júnior poderá constatar se o bate-papo de mais de duas horas deu resultado.
O treino de segunda-feira começou no melhor clima possível. Enquanto os reservas fizeram um animado recreativo no campo de São Januário, os titulares foram para a piscina fazer um leve treino físico. Situação que se repetiu pelo segundo dia consecutivo. Incomum em véspera de jogo, a atividade foi justificada pelo fisiologista Daniel Gonçalves. "Eles estão muito desgastados fisicamente. Foi o que apontou o exame que fizemos 48 horas após o último jogo. Por isso não forçamos a musculatura deles", disse.
O desgaste do grupo tem motivo, segundo o técnico Dorival Júnior. Ele acredita que o time jogou errado na vitória sobre o Duque de Caxias por 1 a 0, sábado, no Maracanã. "Marcamos mal, corremos muito mais do que devíamos atrás da bola contra o Duque de Caxias", reclamou.
Insatisfeito com a visível queda de produção da equipe, apesar da série de quatro vitórias consecutivas na Série B, Dorival resolveu lavar a roupa suja com o grupo.
"Tivemos uma conversa franca e aberta, na qual cobrei uma mudança de atitude do grupo", afirmou o treinador. "Chega um determinado momento em que não importa se estamos vencendo. Nas últimas partidas, diminuímos muito o nosso ritmo de jogo e temos que corrigir isso".
Embora tente amenizar o tom da conversa com o grupo, a intenção de Dorival nesta segunda foi cortar o mal pela raiz. Nos últimos jogos, o excesso de individualismo de alguns atletas em jogadas que poderiam definir as partidas desgastou o grupo internamente.
Para evitar um futuro racha, o treinador cobrou dos jogadores uma nova atitude a partir de hoje: "o grupo não está relaxado, acomodado. O problema é outro. Deixamos muito a desejar tecnicamente e taticamente, é isso que precisamos corrigir nesta reta final de campeonato".
Ameaça de greve
Com atrasos de pagamentos que variam de três a quatro meses, os funcionários do Vasco ameaçam entrar em greve. Nesta terça, às 10h, eles vão realizar uma assembleia geral para definir o rumo do movimento.