Além da faixa etária e do intenso desejo de viver, algo mais uniu em março deste ano os caminhos do aposentado Manoel Gonçalo, 78; da ex-servidora pública Maria do Carmo Ferreira, 73; da auxiliar de Enfermagem, Marceline Maria Rocha, 54; e de outros 35 homens e mulheres que concluem nesta segunda-feira (26) a primeira turma do Curso de Envelhecimento Ativo da Santa Casa de Maceió.
Estamos falando justamente deste projeto, que mostrou aos participantes e à sociedade que é possível envelhecer com qualidade de vida, bastando ter iniciativa e as informações necessárias para tal. “Concluo o curso com a sensação de que posso agir como multiplicadora do que foi apresentado aqui”, diz Marceline Rocha, confirmando presença na solenidade de encerramento, que ocorrerá amanhã, às 14 horas, no Centro de Estudos Professor Lourival de Melo Mota.
Este é o mesmo sentimento que nutre Maria do Carmo, que, brincando, afirma ter “7.3 anos”. Ela destacou que “fechou o curso com chave de ouro” a palestra do oncologista Divaldo Alencar. “Apesar de não ter casos de câncer na família, a forma como o dr. Divaldo falou sobre a doença me mostrou que posso ajudar outras pessoas que estejam vivenciando o problema”, afirma Maria do Carmo, confessando seu desejo de repetir o curso na próxima turma.
Manoel Gonçalo, por sua vez, tornou-se “porta-voz” do Grupo de Envelhecimento Ativo e um dos mais atuantes da turma. “Agora estou lutando para que o município coloque um ponto de ônibus próximo ao Rodrigo Ramalho (unidade assistencial na Praia do Sobral, onde funciona o Ambulatório da Santa Casa de Maceió).”
Os idosos, homens e mulheres com mais de 60 anos, representam 11,6% da população brasileira. Em Maceió essa proporção é inferior a 10%, o que mostra que aqui se morre mais cedo. “Alagoas tem um dos piores indicadores sociais do País”, avalia a geriatra Helen Arruda, coordenadora do projeto. “Um idoso em Alagoas vive nove anos a menos que um do Distrito Federal. A expectativa de vida ao nascer é de 66,7 anos, contra a média nacional, de 77 anos. Em Alagoas, são cerca de 270 mil pessoas acima dos 60 anos e em Maceió, em torno de 67 mil, que precisam de informação para terem mais qualidade de vida, defenderem seus direitos e alcançarem a tão desejada inclusão social”.