Honduras prepara-se para as eleições presidenciais deste domingo (29) em meio às incertezas provocadas pela crise política e diplomática detonada pelo golpe de Estado de 28 de junho.
O país centro-americano vive uma situação institucional confusa desde que o presidente Manuel Zelaya foi derrubado naquela data, sob acusação de tentar mudar a Constituição para obter um novo mandato presidencial.
Boa parte da comunidade internacional não apoia a realização do pleito, por considerar que não há garantias democráticas. O único apoio de peso ao processo eleitoral é o dos Estados Unidos, cuja postura na condução da crise tem sido bastante criticada, principalmente pelos governos latino-americanos mais à esquerda, como o do venezuelano Hugo Chávez.
Zelaya, que voltou ao país inesperadamente em 21 de setembro, acompanhará a votação na Embaixada do Brasil, em Tegucigalpa, onde se refugiou. Ele convocou um boicote à votação e promete não reconhecer seu resultado.
O presidente interino, Roberto Micheletti, e os grupos que apoiaram o golpe insistiram na necessidade de que as eleições sejam reconhecidas internacionalmente para que um novo governo tome o poder e abra o caminho para uma solução à crise.
Durante meses, o governante derrubado e seus simpatizantes insistiram em que as eleições deveriam acontecer com Zelaya na Presidência e que, sem ele, o pleito não teria legitimidade, o que recebeu o apoio da comunidade internacional, com a Organização dos Estados Americanos (OEA) à frente.
A importância dada pelas duas partes à convocação eleitoral de 29 de novembro ficou traduzida na obtenção de um acordo para resolver a crise um mês antes do pleito, com o acordo de Tegucigalpa-San José.
O acordo permitia salvar a legalidade do processo eleitoral e levou vários países e a própria OEA a apoiar o processo eleitoral, com a perspectiva de que o presidente derrubado voltasse ao poder e houvesse a formação de um governo de união nacional.
No entanto, no último dia 17, o presidente do Congresso, Alfredo Saavedra – no cargo desde o dia do golpe, devido à ascensão de Micheletti à Chefia de Estado -, anunciou a decisão final das autoridades de fato: Zelaya não será o presidente de Honduras no próximo domingo.
A decisão sobre sua volta ao poder deverá ser tomada apenas em 2 de dezembro. Mas a Corte Suprema de Honduras já adiantou que recomendou ao Congresso que vote contra a restituição de Zelaya.
Com isso, o cenário mais provável é que Micheletti acabe entregando o poder a seu sucessor.
A OEA afirmou que não enviará observadores a Honduras, e países como Brasil e Argentina já anunciaram que não aceitarão os resultados das urnas.
O Tribunal Supremo Eleitoral de Honduras anunciou cerca de 300 observadores estrangeiros, com "confirmações indubitáveis de vários ex-presidentes".