Após sua prisão, o ex-cabo da Polícia Militar de Alagoas, Everaldo Pereira dos Santos, acusado de integrar a Gangue Fardada, afirmou durante uma entrevista coletiva, realizada na tarde desta segunda-feira, 28, na sede da Polícia Civil, em Jacareica, que teme ser assassinado na capital alagoana.
"Sou um arquivo vivo e tenho medo de morrer. Nunca matei ninguém e estão falando coisas que não fiz. Essa condenação é inconstitucional. Muitos policiais civis querem minha morte", disse o ex-militar que foi condenado a 33 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do delegado Ricardo Lessa e do motorista Antenor Carlota da Silva, crimes ocorridos em 1991.
Sobre a morte de Lessa, Everaldo fez acusações ao ex-tenente coronel Manoel Cavalcante e ao ex-secretário de Segurança Pública, Rubens Quintela. "Eles arquitetaram a morte do delegado Ricardo Lessa e ainda trouxeram um pistoleiro de Pernambuco para executar o plano".
Prisão
A operação que culminou com a prisão de Everaldo Pereira foi desencandeada nesta manhã após uma denúncia anônima revelar ao delegado do 10º Distrito Policial, Gustavo de Carvalho, o paradeiro do ex-militar.
"Chegou a informação ao delegado onde seria o real esconderijo de Everaldo. A residência pertence a sua cunhada e ele ainda tentou fugir pulando o muro da chácara, mas os policiais do 10º DP, com o apoio da Divisão Especial de Investigações e Capturas (DEIC) já tinham cercado o local e efetuaram a prisão", relatou o delegado-geral adjunto, José Edson Freitas.
Na delegacia, Everaldo Pereira confirmou sua identidade e contou que há 10 dias estava em Maceió, mas não quis falar onde esteve durante o tempo que permaneceu foragido.
José Edson não descartou a possibilidade de Everaldo ingressar na delação premiada – benefício dado ao acusado para colaborar com as investigações. Com isso, Everado poderá ter a pena reduzida.
Caso Eloá
O drama de garota Eloá Cristina Pimentel, sequestrada e mantida em cárcere privado pelo ex-namorado, Lindenberg Alves, em outubro de 2008, parou o Brasil e deixou Everaldo Pereira dos Santos, que era fugitivo da justiça, conhecido nacionalmente.
Em São Paulo, Everaldo assumiu a identidade de Aldo José da Silva e só foi reconhecido pela polícia alagoana após sofrer um mal súbito durante a via-crúcis da filha.
"Tinha dois empregos e nenhum tempo livre para formar milícias como estão falando. Vejo a morte de minha filha como uma tragédia, sempre tive um bom relacionamento com minha família e tinha o Lindemberg como um filho", contou.
Após a descoberta do seu paradeiro, uma equipe de delegados chegou a se deslocar a São Paulo para tentar capturá-lo, sem êxito. Apesar da nova fuga, Everaldo passou a ser acusado, entre outros crimes, pela morte da sua primeira mulher. "Não tenho envolvimento com a morte da minha ex-esposa Marta Lúcia Alves Vieira. Nunca faria isso", afirmou.
Desde a morte de sua filha Eloá Cristina Pimentel, o acusado passou a viver peregrinamente por diversos estados brasileiros, chegando a morar até na Bolívia – segundo a Polícia Civil. Mas essa versão, Everaldo também nega.