A pesquisa Consumo Virtual no Brasil, divulgada hoje (3) pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostra que o brasileiro está mais seguro em relação às compras pela internet. De acordo com a pesquisa, feita entre os dias 5 e 8 de janeiro com 678 pessoas das 27 capitais que usaram sites de vendas no ano passado, 93% dos entrevistados, ou nove entre dez consumidores, estão satisfeitos com esse tipo de consumo.
A sondagem revela que 93% dos consultados fazem compras pela internet há mais de três anos. Eles também buscam fornecedores que sejam consagrados no mercado. “Quarenta e nove por cento escolhem o site porque procuram marcas conhecidas. Os clientes já sabem usar sites de comparação e se pautam pelos sites de reclamação. Com isso, a gente vê que o consumidor já busca elementos para tomar decisões mais informadas. E isso acaba dando confiança”, disse à Agência Brasil o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges.
Os compradores mais assíduos sãos os mais escolarizados – 41% têm pós-graduação, estão na faixa de 35 anos a 49 anos e pertencem às classes sociais A e B (34%). Segundo Borges, isso mostra uma questão já esperada, que é a inserção mais tardia das classes C, D e E nesse tipo de comércio. Por outro lado, comprova a maior disponibilidade de crédito e acesso aos meios de pagamento das classes A e B. Apesar disso, ele destacou que a participação das classes C, D e E já é significativa no total de compradores (52%) e tende a crescer. Dois em cada dez consumidores fizeram sua primeira compra virtual nos dois últimos anos e desses há um percentual maior de pessoas das classes C, D e E, “o que confirma a inserção tardia desses clientes”, explicou Borges.
Comodidade de comprar sem precisar sair de casa foi a principal vantagem listada por 74% dos consultados, além de preço considerado mais baixo do que nas lojas físicas (50%). “A gente vê que grande parte das vantagens – economia de tempo, facilidade na comparação com concorrentes, está relacionada com economia”. Mesmo que não compre pela internet, o cliente pode usar essa comparação para barganhar um preço mais baixo na loja física. “Ele acaba economizando dinheiro de um jeito ou de outro”.
Entre as desvantagens, 68% citaram não poder levar o produto na hora da compra, outros 68% reclamaram não poder experimentar, 37% alegaram não poder ver, tocar nem cheirar o produto e 23% indicaram o prazo de entrega demorado. A falta de segurança de não receber o produto ou ser lesado por algum tipo de falsificação foi apresentada por 6% dos consumidores. Frete grátis (23%) e indicações de amigos e parentes (22%) são fatores considerados para a escolha do site de vendas.
Os itens mais comprados pela internet no ano passado pelos brasileiros foram eletrônicos (61%), livros (47%), calçados (44%), roupas (42%) e eletrodomésticos (36%). Em contrapartida, os internautas disseram que jamais comprariam pelo sistema virtual seguros (25%), artigos para animais (19%), calçados (17%), roupas (16%) e comida pronta (15%). A rejeição por calçados e vestuário é explicada pelo fato de não poder experimentar ou por receio em caso de troca.
O acesso à internet para o consumo é feito ainda predominantemente por computador (desktop) (44%) ou por notebook (32%). Entretanto, o uso de meios móveis é crescente, com o smartphone chegando a 20%. O cartão de crédito é apontado como principal meio de pagamento em compras virtuais por 78% dos entrevistados, sendo que o percentual sobe para 83% entre os mais escolarizados. Em seguida, aparece o boleto bancário (54%). Em ternos de gênero, a pesquisa não mostra divisão acentuada. “Está meio a meio”. Flávio Borges disse, porém, que quando se olha os dados de pessoas que entraram mais recentemente nesse mercado, “a gente vê que há mais mulheres do que homens: 17% das mulheres passaram a usar a internet entre um e cinco anos, enquanto 12% dos homens entraram mais recentemente. Existe uma entrada maior feminina, embora essa entrada das mulheres no mundo virtual seja também mais tardia”, disse.
A pesquisa mapeou 22 produtos mais consumidos e constatou que os livros são os itens preferidos para aquisição nos próximos seis meses, com 52% do total, seguidos de eletrodomésticos (47%), passagens de avião, ônibus, trem ou navio (47%), reservas em hotéis ou pousadas (41%) e ingressos (40%).